10
Jan06
Beato Nuno
lamire
(1)
Deu-me D. Manuel Luis - ou outro depois, que comecei a ficar um pouco esquecido após Aljubarrota - a felicidade de ficar alto naquela casa.
Por baixo de mim salas de aula, a casa das malas, em frente um campo de futebol; hei-de voltar a ele a recordar o que por lá vi.
Em frente S. Luis guardava os putos do 2º ano, coitados, vindos de Buarcos, imberbes, rachados, ao lado da capela; atrás, a rua, a estrada que do CICA chegava à Serra da Boa Viagem, antes de cortar para Tavarede onde um vosso professor paroquiava e a quem ninguém fez referência ainda. E merecia.
Dali eu via tudo. Era um ponto estratégico.
O portão da entrada; o «corredor» desde ele até à porta do meio, o jardim florido e bem cuidado; aqueles que chegavam tarde quando as crianças dormiam (ou eles pensavam que dormiam); via até a Casa Mãe e as árvores que a separavam dos nossos terrenos e por onde iam muitas vezes as bolas de golo ou simplesmente saídas violentamente pela linha de fundo (que isto agora tem nomes em inglês, mas eu não sei).
Tenho estado atento desde há uns meses, mais nos últimos dias, que isto tem aquecido um pouquito; e tenho visto que uns têm trabalhado muito para fazer deste FORUM um grande espaço de amizade «intemporal»; outros têm projectos diferentes bem interessantes; outros que querem conversar; outros querem fazer a história que nunca foi contada; outros que são danados para a brincadeira.
Vão todos muito bem; às vezes com um excessozito ou outro; há raparigas que não conheço; acho que nem sequer eram daquelas que eu via passar na rua, de canastra à cabeça; mas eu sei que vocês não eram nenhuns santinhos e elas andam outra vez por aqui.
Mas a vós recordo quase todos; acolhi alguns: os grandes e certos repetentes, gente importante neste país, como tenho ficado a saber.
Ao meu lado ficou S. José, com idênticas regalias às minhas, mas sem a Casa Mãe à vista. Mas, S. José podia, todavia, espreitar melhor a entrada e espreitar até Nossa Senhora e Cristo-Rei; e nas suas partes baixas tinha um espaço onde se comprava tudo, desde a borracha simples aos dicionários de latim ou de português, pesados, de que um de vós já falou há dias.
Lá para cima eu já via menos, que as árvores me escondiam as vistas e S. Luis me tapava a quinta. Vejam bem que nem sabia que havia uma sala de fumo para aquelas bandas. Não perdi muito, porque eu acho que era eu quem via mais então; não via isso, via outras coisas, que só quem esteve comigo se pode lembrar.
E lembrei-me agora de ficar de novo de olho em vós, não para vos puxar as orelhas, não para vos ralhar, não para vos ensinar nada, não para jogar a bola convosco, mas porque gosto de vós.
Às famílias dos que faleceram os meus sentidos pêsames.
Rezarei por eles.
A todos vós a minha bênção!
....
beato.nuno (10-01-2006)
Deu-me D. Manuel Luis - ou outro depois, que comecei a ficar um pouco esquecido após Aljubarrota - a felicidade de ficar alto naquela casa.
Por baixo de mim salas de aula, a casa das malas, em frente um campo de futebol; hei-de voltar a ele a recordar o que por lá vi.
Em frente S. Luis guardava os putos do 2º ano, coitados, vindos de Buarcos, imberbes, rachados, ao lado da capela; atrás, a rua, a estrada que do CICA chegava à Serra da Boa Viagem, antes de cortar para Tavarede onde um vosso professor paroquiava e a quem ninguém fez referência ainda. E merecia.
Dali eu via tudo. Era um ponto estratégico.
O portão da entrada; o «corredor» desde ele até à porta do meio, o jardim florido e bem cuidado; aqueles que chegavam tarde quando as crianças dormiam (ou eles pensavam que dormiam); via até a Casa Mãe e as árvores que a separavam dos nossos terrenos e por onde iam muitas vezes as bolas de golo ou simplesmente saídas violentamente pela linha de fundo (que isto agora tem nomes em inglês, mas eu não sei).
Tenho estado atento desde há uns meses, mais nos últimos dias, que isto tem aquecido um pouquito; e tenho visto que uns têm trabalhado muito para fazer deste FORUM um grande espaço de amizade «intemporal»; outros têm projectos diferentes bem interessantes; outros que querem conversar; outros querem fazer a história que nunca foi contada; outros que são danados para a brincadeira.
Vão todos muito bem; às vezes com um excessozito ou outro; há raparigas que não conheço; acho que nem sequer eram daquelas que eu via passar na rua, de canastra à cabeça; mas eu sei que vocês não eram nenhuns santinhos e elas andam outra vez por aqui.
Mas a vós recordo quase todos; acolhi alguns: os grandes e certos repetentes, gente importante neste país, como tenho ficado a saber.
Ao meu lado ficou S. José, com idênticas regalias às minhas, mas sem a Casa Mãe à vista. Mas, S. José podia, todavia, espreitar melhor a entrada e espreitar até Nossa Senhora e Cristo-Rei; e nas suas partes baixas tinha um espaço onde se comprava tudo, desde a borracha simples aos dicionários de latim ou de português, pesados, de que um de vós já falou há dias.
Lá para cima eu já via menos, que as árvores me escondiam as vistas e S. Luis me tapava a quinta. Vejam bem que nem sabia que havia uma sala de fumo para aquelas bandas. Não perdi muito, porque eu acho que era eu quem via mais então; não via isso, via outras coisas, que só quem esteve comigo se pode lembrar.
E lembrei-me agora de ficar de novo de olho em vós, não para vos puxar as orelhas, não para vos ralhar, não para vos ensinar nada, não para jogar a bola convosco, mas porque gosto de vós.
Às famílias dos que faleceram os meus sentidos pêsames.
Rezarei por eles.
A todos vós a minha bênção!
....
beato.nuno (10-01-2006)