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SEMINTENDES

Lendo, vê Semintendes...

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SEMINTENDES

28
Mar06

QUEIXUMINA ADVERSUS SPAM

lamire

    Et relatio trabalhorum quos eius causa passavit Nauta Simon

    Filius ille putae qui primus SPAM fecit;
    Fronte mereciat suportare pesadam coronam
    Cornorum, arraiaeque rabo açoitarier uno
    Per ruas publicas, atque amarradus a lictoribus
    In casernam inclausuri, atque illic sub clave teneri.
    Non poterat mundo unquam maior praga venire,
    Nec asneiram cahire maiorem potuit homo
    quam se mettere ad paginas web instruendas.

    Surge ex nihilo Operae Phantasma, surge!
    Nos irati surgimus adversus Phantasma,
    Assanhati multa ira. Veni ut possimus
    Pregare bofetem et opprobrium vingare.
    Veni ut nos engalfinhemus et possimus
    Fervere coques et bofetatas sonare.
    Tunc murri et moquetes fervent, misturati
    Cum cachaçonibus maximis et pontapedibus.
    Qualis sit relatio trabalhorum Nautae Simoni
    Nunquam imaginare potes, Malandre!
    Quantum ille patitur ut paginas endireitet!
    Quotiens, paginas perfectas nocte deixavit,
    Cum mane revisens, encontrat aliquas mancas.
    Correns rursus olhos per paginas, descobrit
    Nocte Malignus venit et aliquas aleijavit.
    O infelix Nauta! Quantam desgraçam!

    Inde aliam atque aliam dat voltam, cuncta retrocans
    Ut pagina acertet et fiquet airosa pagina.
    Verum quo magis interdum se esmerat in obra
    Spam magis asneat et totum quod fecerat ante,
    Desmanchat, non potens unquam acertare caminhum.
    Tum Nauta arreganhatus tecladum empurrat,
    Et omne quod super banca est, chanum arremeçat,
    Praguejans contra illum qui primus fecit spam.
    .....
    TYRANNUS REX (28-03-2006 - 01:54:35 PM)
25
Mar06

Então falemos de política.

lamire
Não só em Portugal mas também no Canadá.
A "exportação" de pessoas do Canadá (notícia fresca na media) tem tanto que se lhe diga que nem sei por onde começar.
Nada disto e novo e por todo o mundo as pessoas acotovelam-se e empurram-se para pegar melhor no outro lado do mundo.
É uma luta com burocracias, ódios, arrogância, políticas, inveja, ambição e tantos mais sentimentos que os humanos possuem.
Na verdade a contabilidade daqui diz que desde pelo menos 2003 o Canadá tem mandado em media por ano uns 280 portugueses para trás e ninguém tem prestado grande atenção a isso. Outro tanto terá acontecido com outras nacionalidades.
Ora, acontece que por um lado o governo virou este ano de liberal para conservador. Os liberais sempre se apoiaram em imigração para conseguir poleiro e foram legalizando aqui e ali alguns casos mais bem preparados e apresentados o que sempre foi criando esperança para outras tentativas e outros casos deixados para trás. Os conservadores sempre foram oposição.
Claro que os conservadores nesta área estão mal informados e não entendem que tem muita gente por ai vivendo clandestinamente com mesmo até 7 anos de Canadá e contribuindo para a economia e fazendo serviços que outros se vão escapando de fazer. Por detrás disto tem muita influência política como todo o pessoal da construção, sindicatos com muita força política e muitos imigrantes e descendentes.
Conclusão: muitos destes com ordem de saída ainda ficarão clandestinamente, outros irão e voltarão e outros irão e não voltarão. Por entre estes tem pais que vão e deixam os filhos (e vice-versa), tem gente que vai sem futuro algum aí em Portugal. Enfim, algumas tragédias e outras nem tanto causadas por lutas políticas. Os liberais atacam agora os conservadores fazendo disto uma grande tragédia e fazendo crer que no tempo deles era melhor.
Por mim, alem dum sentimento de revolta para com os políticos, burocracias, a media e alguns oportunistas que foram extorquindo dinheiro a esta gente fazendo-se passar por agentes de imigração ou advogados iludindo esta gente com promessas, fica-me ainda um sentimento de simpatia com algumas das tragédias.
Todavia eu vim para cá legal como imigrante e logo que passaram os três anos, mínimo tempo necessário, naturalizei-me canadiano ficando com duas nacionalidades.
Se houver guerra partam-me a meio que lutarei por Portugal e Canadá, talvez.
O espírito de sobrevivência enrolado no mundo da política!!!

Licínio s (23-03-2006 - 03:13:58 PM)
21
Mar06

Procura-se um amigo

lamire
MEUS CAROS AMIGOS!
Hoje , 21 de Março, é dia da árvore mas é também o dia mundial da Poesia.
Para todos vós aqui fica esta pérola de VINÍCIUS DE MORAIS

Procura-se um amigo
Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração.
Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir.
Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa.
Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor..
Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo.
Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão.
Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados.
Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar.
Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa.
Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objectivo deve ser o de amigo.
Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários.
Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo.
Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância.
Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.
Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo.
Precisa-se de um amigo para se parar de chorar.
Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas.
Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.

*******************************************************

A maior solidão é a do ser que não ama.
A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.
A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.
O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo.
Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno.
Ele é a angústia do mundo que o reflecte.
Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o património de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.
 

Zé Vieira (21-03-2006 - 11:24:55 PM)

20
Mar06

Vivam os patolas

lamire

 Quem disser que não vivemos no melhor dos reinos não está, notoriamente, a bater asas no reino dos patolas. Se não, vejamos. Por toda a Europa, e não só, vai mais que um simples falatório por causa da gripe das aves e do que ela poderá ocasionar, além dos sustos e dos prejuízos que vão surgindo. Pássaro morto é sinal de que tudo pode acontecer.

 

Felizmente não é assim em Portu­gal. Ali para os lados da Murtosa, em vez de um eram mais de dez. Não uns pardalitos mas uns gansos-patolas. Com estonteante rapidez, inaudita proficiência e surpreendente eficácia se fizeram as análises. E, felizmente, está tudo bem, menos os patolas que, coitados, morreram de morte natural, talvez até devido às marés (ouvi dizer na rádio) pois os tristes saberão voar mas nadar é que não.

 

E o nosso "ministro da Agricultura pediu aos autarcas e demais autoridades locais alguma contenção na divulgação de notícias sobre o assunto" Souselas (e, já agora, Maceira) sofrem de problemas respiratórios agravados, bem mais graves do que noutras localidades? Pois atira-se-lhes com a co-incineração.

 

Ninguém manda a essas terras não saber aproveitar o ar que respiram. Está, aliás, cientificamente provado que as cimenteiras são quem mais ordena, entenda-se, para elas o negócio não é pó.  

 

A dr.a Elisa Ferreira, defendendo o seu antigo secretário de Estado, entretanto alcandorado a primeiro-ministro, atacou personalidades tão diferentes como Boaventura Sousa Santos, Carlos Pimenta e... Manuel Alegre. Só não disse por que razão este último foi parlamentarmente des­terrado para Lisboa... onde podiam muito bem usufruir dos benefícios da dita co-incineração.

 

Quem o disse (escreveu, melhor dizendo) foi Vital Moreira, sugerindo que alto exemplo de clarividência seria queimar em Alhandra (e sem perigo nenhum para a região envolvente, Lisboa incluída) os resíduos que... até são produzidos nessa mesma (boa) zona. "Estes senhores (os cientistas) deixaram o Governo mal colocado, por culpa própria, pois apenas fizeram o que Sócrates lhes encomendou".

 

Que dirão a estas palavras de José Manuel Fernandes, no editorial de 4 de Março, no editorial do "Público", os incineradores de pulmões doentes e sadios e da paciência de muitos cidadãos?

 

E para mudarmos de azimute (que o tema anterior ainda há-de fazer correr muito pó... e polémica, até cabal esclarecimento e pacificação), repare-se neste mimo democrático. Garantindo que a sua (dele!) escolha foi a mais adequada, e comentando os resultados das últimas presidenciais, José Sócrates afirmou ao "Expresso": "O critério eleitoral não é um critério de razão. É apenas isso: eleitoral". Andava a gente a pensar que o povo tinha razão, que a razão é indispensável para decidir, que sem razão não adianta procurar razões e, sem razão, aparece-nos esta! Claro que deve ter sido a primeira vez que tal aconteceu... Com razão.

 

Estava anunciado, garantido, justificado o "cartão único". Dizem que, por culpa das iniciais, passou a ser "cartão do cidadão" (CC). "Corre, cidadão... Mas para onde se não vejo razão?"

 

"Em pleno Carnaval a homilia do cardeal patriarca de Lisboa avisou: Com o sagrado não se brinca" (mesmo "Público"). Descontada a circunstância de em quarta-feira de cinzas já ter terminado o Carnaval (de alguns, pêlos vistos), repara-se que toda a gente pode dizer (e desenhar) o que entender... se for descrente, laico, céptico. Os outros, coitados, têm de... ler, ver, ouvir e calar.

 

"É preciso topete", disse (parece-me que sem resposta) Freitas do Amaral. Mesmo que também seja necessário o dito para não condenar o incêndio de embaixadas, não deixa de se reparar na expressividade.

 

Vivam os patolas.

 

................

 

Abílio Duarte Simões

 

In: Correio de Coimbra,

 

9-mar-06

20
Mar06

Um apaixonado pela comunicação

lamire

O "Correio de Coimbra" contou, ao longo de trinta anos, com a cola­boração assídua, quer na administra­ção, quer na chefia de redacção, do cónego Adriano Simões Santo. Na hora da passagem de testemunho não podemos, por motivos de gratidão e de profunda amizade, deixar de lhe manifestar o nosso reconhecimento pelo seu exemplo de tenacidade, de empenhamento, de persistência e de verdadeira paixão que colocou neste serviço prestado à causa da Igreja através da imprensa diocesana.
O senhor cónego Adriano foi sem­pre, e vai continuar a ser, um apaixo­nado pela transmissão da fé e dos valores do humanismo cristão, ser­vindo-se dos meios de comunicação social, nomeadamente da imprensa.

A paixão vem-lhe da juventude.

De facto, quando ainda jovem sacerdote, fundou na sua primeira paróquia (Vila Verde) um pequeno jornal, que lhe serviu de ensaio para outros em­preendimentos em Penela e, depois, em Chão de Couce. Seguiu-se a direc­ção de "O Amigo do Povo", durante mais de 26 anos consecutivos, a che­fia de redacção do "Correio" duran­te dois anos, e sobretudo a dedicação incansável na administração de ambos os jornais ao longo de três décadas.
Neste campo, quem foi seu compa­nheiro de jornada durante um quarto de século não pode esquecer o rigor que sempre colocou no serviço admi­nistrativo, o interesse para que sem­pre se fizesse mais e melhor, traduzido em palavras de incentivo e em elogios às vezes imerecidos.
Atento observador da realidade, dividindo o seu tempo entre as activi­dades paroquiais, a vigaria pastoral e a administração diocesana, sobra­ram-lhe sempre uns minutos para es­crever os seus deliciosos "retalhos da vida" que, durante muitos anos pu­blicou, semana após semana no "Amigo do Povo", e que, mais tarde veio a reunir em volume que, pelo seu valor, apetece ainda reler.
Mas o cónego Adriano foi e é so­bretudo um grande amigo, sempre pronto a apoiar iniciativas, a lem­brar novos caminhos, a aplaudir os pequenos êxitos. Todos quantos com ele conviveram e com ele partilharam esta aventura de fazer nascer, todas as semanas, dois jornais são unâni­mes em reconhecer que, sem ele, a peregrinação teria sido muito mais difícil e a comunicação social dioce­sana não teria chegado tão longe.
Por tudo isso, aqui fica, senhor cónego Adriano, um abraço amigo, carregado da nossa admiração e da nossa estima. Bem-haja!

......................
O Director
A.JesusRamos,
Correio de Coimbra,9mar06

20
Mar06

Imprensa diocesana com novo administrador

lamire

Chama-se "Amicor - Comunicação Cristã, Lda." E é a nova entidade que vai gerir o sector da imprensa diocesana - os semaná­rios "O Amigo do Povo" e o "Correio de Coimbra". A escritura notarial ocorreu no passado dia 13 de Fevereiro e tem como só­cios a Diocese de Coimbra e a Gráfica de Coimbra 2 - Publicações Lda.

Trata-se de uma iniciativa que surge por conveniência jurídica, sucedendo à institui­ção Diocese de Coimbra que antes assumia tal responsabilidade, continuando entretanto este trabalho, com os mesmos objectivos de sempre na nobre missão de levar a todos a mensagem cristã pela comunicação escrita.

Quem durante mais de trinta anos geriu a administração dos dois jornais diocesanos e foi, ao longo de vinte e seis, o responsável da direcção de "O Amigo do Povo", termina agora àquela missão sucedendo-lhe o Rev. Padre Joel Carlos Baptista Antunes, nomea­do pelo Bispo da diocese.


O novo administrador da imprensa dioce­sana foi secretário do bispo D. Eurico Dias nogueira em terras africanas, de Vila Cabral e de Sá da Bandeira, ao longo de mais de uma dezena de anos. Regressado a Coimbra, ser­viu em várias missões apostólicas, a última das quais a de director do Colégio de São Teotónio, tendo-se afirmado sempre como homem de apurado sentido pastoral e de amor à Igreja e de reconhecida capacidade administrativa. Ficam assim em boas mãos os jornais diocesanos que desejamos cada vez mais actuais e com maior expansão.

Bem-vindo, padre Joel!

Nesta hora de mudança e de despedida dou graças a Deus por tudo o que foi possí­vel realizar ao longo dum período em que foi necessário vencer problemas por vezes bem difíceis. Digo, também uma palavra de grati­dão a quantos comigo colaboraram, especial­mente os mais de mil colectores de "O Amigo do Povo" que semana a semana distribuem o jornal. Bem hajam todos!

Adriano S. Santo

16
Mar06

A CHAVE DO ALELUIA

lamire

A história corria de boca em boca, mas já se escoara na memória dos tempos o quando, o onde, o como, o quem. Tal como nos mitos, o episódio já se tinha transformado numa gesta de tempos passados, irreais e fabulosos, incapaz de renascer e retomar um corpo são e robusto.
Naquela noite de Sábado Pascal a Sé de Coimbra estava repleta de fiéis, de seminaristas, de cónegos para participarem nas cerimónias pascais: a bênção do lume novo, a bênção da água, toda a liturgia que ia culminar no radioso canto do “Glória” acompanhado pelo repicar dos sinos, pelo toque de quantas campainhas o Sr. Américo sacristão conseguira granjear ao longo da semana mais longa.
A toda esta ilustre assembleia presidia, na sua cátedra com baldaquino, o Sr. Arcebispo, Bispo de Coimbra.
A celebração pascal que se alongava por horas e horas, decorria com toda a solenidade, com a maior devoção e recolhimento, ouvindo-se apenas as vozes jubilosas do orfeão, estrategicamente colocado no coro alto da Sé, vozes que se dispersavam pela imensidão da abóbada da Catedral.
A noite já ia quase a meio. Aproximava-se a hora precisa e exacta. O “Aleluia” estava prestes a ser aberto. Mas não aparecia a bendita “Chave do Aleluia”! Por mais voltas que se dessem, por mais vezes que as mãos rebuscassem os fundos dos bolsos das calças e das batinas, não se encontrava a bendita chave. O tempo urgia e já a ansiedade e a vergonha tomavam conta do espírito do mestre cerimónias. O grupo dos “roquetes” andava numa roda-viva, vasculhando atrás do altar-mor, em cima e por baixo da credência, em torno do trono episcopal, mas… tudo em vão. O desespero e a angústia ia-se apoderando de todos. Até um ou outro Sr. Cónego mais desperto se ia apercebendo do trágico da situação. Era quase meia-noite e o “Aleluia” por abrir!
Nestas circunstâncias extremas não se pode olhar a meios par alcançar o objectivo final: encontrar a “Chave do Aleluia”.
O Luís Carlos chama discretamente um dos “roquetes”, o Nunes, e pede-lhe que se dirija rapidamente ao coro da Sé e peça ao Borges, um dos membros do orfeão, a bendita chave. Os olhos do Nunes brilham na noite porque se sente o escolhido, o eleito para o desempenho de tão nobre e secreta missão. Não perde um momento. Parece que leva asas nos pés. Percorre a coxia central do templo e voa para a porta que dá acesso à sacristia e ao amplo corredor de pedra. A sua cabeça não pára de ser metralhada pela mesma ideia: “É quase meia-noite e o “Aleluia” por abrir!”. Já no amplo corredor de pedra corre, célere voa. A vasta escadaria de pedra galga-a em segundos, acicatado por aquela ideia angustiante que lhe continua a martelar o espírito.
Sem saber bem como, já está no coro da Sé. Dirige-se ao Borges: “O Luís Carlos pede a chave do “Aleluia”. È quase meia-noite e o “Aleluia” está por abrir.”
Ora manda a verdade que se diga que o “servicinho” não tinha sido previamente combinado. Mas uma verdadeira reminiscência fez chispar a ideia no espírito do Borges. Sem mais aquelas, sai ligeiro do coro e dirige-se para as dependências anexas da Sé que eram ocupadas pelo Sr. Américo sacristão. A escuridão da noite era apenas avivada pelo clarão da iluminação pública que escorria das janelas. Aquele compartimento estava há muito desocupado e apenas servia para guardar trastes velhos. Naquele lusco-fusco o Borges lança a mão e sente um objecto frio, pesado e longo. Mas não há tempo a perder, o que vem à rede é peixe. Entrega-o nas mãos do Nunes.
Este parte ligeiro com a sua querida “chave do Aleluia”. Nem olha para o que leva: a sua missão é só levar. Não se discute o objecto. Desce em segundos a imensa escadaria de pedra com o objecto bem seguro na mão direita e apoiado no ombro branco do “roquete”. “É uma chave bem pesada – vai pensando.” Já entra na Sé todo ufano. Os olhos pasmados de todos os fiéis estão colocados sobre ele. Sobre ele não, sobre o objecto que ele transporta: um pedaço de ferro bem longo e bem ferrugento que se usa atravessado nas camas de ferro para suportar o colchão. Era nem mais nem menos que uma dessas travessa de ferro das camas que ele agarrava sofregamente na sua mão direita e apoiava no ombro. Eis a bendita chave! Cá vai ela! Cá vai ela! Deixem-me passar! Deixem-me passar!
Na coxia central da Sé o atleta já vislumbra a meta lá ao fundo, junto ao altar-mor. Um pouco mais e cortará a meta em beleza e em glória com o aplauso unânime de todos
Aligeira o passo, apesar do peso, porque está mesmo em cima da hora de abrir o “Aleluia”. Ei-lo que desemboca sorridente no espaço sonolento reservado aos senhores cónegos. Um deles, o sr. Cónego Eurico olha, estupefacto, e deixa escapar um sorriso cúmplice. Com a meta à vista já não há ninguém que pare o vencedor. O último obstáculo está a ser ultrapassado. Respeitosamente, com o ferro ao ombro, ajoelha ao passar em frente do trono com dossel do Sr. Arcebispo que imagina estar já, alta madrugada, com algum sonho invulgar e requintado.
Por detrás do altar-mor ninguém consegue conter o riso. Até o próprio mestre cerimónias, alertado para a situação, perde a compostura. Do lado do coro alto da Sé por momentos perderam-se os acordes e as vozes melodiosas dos tenores, dos baixos e dos barítonos. Ecoa por aquela vastidão imensa uma imensa ovação ao vencedor.
O Nunes, esbaforido mas triunfante, deposita o maravilhoso troféu nas mãos de quem lho tinha pedido.

Luís Carlos (16-03-2006 - 10:56:38 AM)

15
Mar06

DESPORTIVISMO HEIN?!!!

lamire

Será que todos tiveram conhecimento deste episódio especial durante um jogo de futebol na Holanda?!

Um jogador magoou-se e um da outra equipa jogou a bola para fora para o magoado poder ser assistido. Até aqui nada de novo...

Interessante foi que ao repor a bola em jogo o jogador, sendo simpático, pontapeou a bola para a outra equipa mas acabou por a enfiar na baliza, para grande espanto de todos, inclusivamente do mesmo que pontapeou a bola.

E claro que foi golo e o jogador ficou deveras embaraçado.

Pois bem depois da bola ir ao centro todos os jogadores se alhearam da jogada para que a outra equipa marcasse golo e ficassem ambas as equipas de novo em pé de igualdade.

DESPORTIVISMO HEIN?!!! (será que isto seria possível num dos jogos em Portugal?)

Licínio S (15-03-2006 - 07:42:14 PM)

08
Mar06

Benditas essas mulheres da minha terra,

lamire
Imagem33.jpgBenditas essas mulheres da minha terra,
Que trazem as faces açoitadas
pelos chicotes dos anos.
Benditas essas mulheres da minha terra,
que ostentam com orgulho e brilho
as mãos fortes para o trabalho
e as faces coradas dos seus filhos.
Que abrigam num só regaço,
dos filhos a energia infinita,
dos maridos, infinito cansaço.
Guerreiras silenciosas,
misto de espinhos e rosas.
Sem murmúrios, sem lamentos,
cada qual com sua cruz.
Rochas parindo água,
trevas parindo luz.
Em um dia de bendita magia,
numa explosão de luz e flor,
num parto sadio e sem dor.
é capaz, bem capaz,
que uma mulher da minha terra
consiga parir a paz.
...........
(poema de Rose Busko).
enviado por:
Martinha do Vale (08-03-2006 - 11:19:20 AM)
03
Mar06

JOSÉ CRISANTO, PROFESSOR NA FIGUEIRA DA FOZ

lamire
Da Casa do Gaiato para a vida
“Tive as minhas mãos, nas mãos de um Santo”. É assim que José Roque Crisanto, 60 anos, docente de história na Escola EB 2/3 João de Barros, na Figueira da Foz, começa por recordar o conhecimento e a amizade que travou com Padre Américo. Natural do Orvalho, Castelo Branco, José Crisanto foi para a Casa do Gaiato de Miranda do Corvo, aos 11 anos. “Não porque existisse por parte dos meus pais falta de posses extremas, mas sim porque aquela era a única forma de eu ir para o Seminário estudar”, lembra.
E assim, em 1950 José Crisanto partiu para a mais importante aventura da sua vida. “Estive quatro anos no Seminário da Figueira da Foz. Terminei o curso e continuei na Casa do Gaiato”. Sobre o Padre Américo, a quem carinhosamente os rapazes das Casas do Gaiato chamavam de Pai Américo, aquele docente diz tê-lo conhecido pessoalmente. “Infelizmente estive com ele uns dias antes da sua morte. Era um homem único. O seu processo de beatificação está praticamente pronto. Sabe que os santos são homens muito especiais. E ele era assim”, recorda José Crisanto. “Quando eu estava em Miranda do Corvo, sempre que ele lá se deslocava eram momentos de grande alegria. Sabe era um santo que aparecia por ali”, acrescenta.
A relação de Padre Américo para os rapazes das Casas do Gaiato eram, na opinião de José Crisanto, “uma relação de pais para filhos. Nós só o chamávamos de pai Américo. A pedagogia do Padre Américo baseava-se na Família, Deus e no Trabalho. Ou seja, o conhecimento do Senhor Deus, a família e o trabalho. Todos nós tínhamos uma função, por mais pequena que ela fosse”.
É com alguma saudade, mas com uma grande dose de orgulho de pertencer à família da Casa do Gaiato, que José Crisanto recorda o tempo que passou em Miranda do Corvo, onde também foi chefe daquela estrutura. “Houve um dia que o Padre Américo foi a Miranda do Corvo, e como eu era o chefe da Casa chamou-me e apertou as minhas mãos. Depois disse-me, afinal é verdade o que dizem a teu respeito, tens calos nas mãos, é sinal que trabalhas. Por isso eu digo muitas vezes que já tive as mãos, nas mãos de um santo”.
A filosofia de vida dentro das Casas do Gaiato mantém-se idêntica àquela que Padre Américo preconizou para aquelas instituições. “Era, e é, uma vida de oração, de trabalho, de família. Todos nós tínhamos uma função, desde os mais pequenos aos mais velhos. E não me digam que isso é exploração, porque eu não o aceito. Arrumar uma casa ou varrer uma rua não é exploração de trabalho”.
Quando terminou o curso no Seminário, José Crisanto teve a oportunidade de regressar a casa, mas optou por ficar na Casa do Gaiato. “Liguei-me de tal maneira à Casa do gaiato, que por lá fiquei. Estive em Miranda do Corvo e depois em Setúbal. Fiz o Magistério Primário, mais tarde licenciei-me em História e só saí da Casa do Gaiato no dia em que me casei em Miranda do Corvo”.
Aos 60 anos, lembra os momentos vividos naquelas que foram as suas casas durante parte da sua infância e juventude, com orgulho e sem qualquer tipo de preconceito. “Para mim a Casa do Gaiato significou tudo. Ainda hoje sou fã da Casa do Gaiato. Conheço muitas obras de beneficência, sou professor e lido muito de perto com as crianças, pelo que considero a Casa do Gaiato como uma estrutura única e actual”.
A sua ligação com a Casa do Gaiato e com a obra do Padre Américo mantém-se. “Aqui na Figueira da Foz, sou o responsável pela realização da tradicional festa da Casa do Gaiato. A minha ligação com a casa do Gaiato era feita através do padre Horácio, que faleceu há dias, mas continuo a dar o meu apoio à obra, pois considero-a importante e actual. A sua pedagogia continua a ser a mais correcta. Infelizmente é uma obra que ainda continua a ser necessária. Era bom que não fosse, pois significava que não havia problemas”.
José Crisanto foi chefe da Casa do Gaiato em Mirando do Corvo, Coimbra e em Setúbal. É aquilo a que hoje chama de “baptismo de fogo. As responsabilidades eram grandes, pois substituía o Padre sempre que ele não estava, marcava os trabalhos de cada um e estava sempre directamente ligado aos rapazes”. Aos 60 anos, José Crisanto seguiu a filosofia de vida aprendida na Casa do Gaiato. É casado com a vereadora do Partido Socialista, na Câmara da Figueira da Foz, e tem dois filhos já licenciados. “Toda aquela metodologia aprendida foi importante”.
Dos seus antigos colegas, lembra que muitos conseguiram tirar cursos superiores, outros viraram empresários. “Dentro do possível mantemos contactos uns com os outros, através da Associação dos Antigos Gaiatos. No próximo dia 17 de Setembro vamos homenagear o padre Horácio, que agora comemorava os seus 50 anos como elemento da Casa do Gaiato. Tínhamos tudo preparado para lhe fazer uma homenagem ainda em vida, o que não foi possível. Mas no dia 17, em Miranda do Corvo, vamos fazer-lha na mesma”.
...
in Forum www.exalunosdafigueira.com
ams (03-03-2006 - 01:00:12 AM)


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  62. S
  63. O
  64. N
  65. D