O capelão do convento das Carmelitas de Coimbra, D. João Lavrador, que acompanhou o percurso espiritual da Irmã Lúcia, sobretudo no leito da morte, foi ontem ordenado bispo auxiliar da Diocese do Porto.
Numa cerimónia que decorreu na Sé Nova, em Coimbra, na presença de centenas de pessoas – entre as quais vários bispos – João Lavrador jurou ser "fiel à Igreja" e "guardá-la como esposa santa de Deus". A presidir a homilia, o bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, referiu--se à coesão da Igreja Católica lembrandoque"aunidadese constróisobrerochahumana". Sublinhou o papel do episcopado na conversão, ao afirmar que "nos dias que correm e nestas terras da Europa em que vivemos o martírio [de um Bispo] poderá chamar-se despojamento". João Lavrador recordou os ensinamentos de João Paulo II que dizia que "o Bispo, agindo em lugar e em nome de Cristo, torna-se sinal vivo do Senhor Jesus, Pastor e Esposo, Mestre e Pontífice da Igreja". Para o "saudoso" Papa "os fiéis devem poder contemplar no rosto do Bispo as qualidades que são dom da graça e que as bem-aventuranças constituem quase o auto-retrato de Cristo". O novo bispo revelou que são "essas palavras as linhas de força" do seu programa episcopal. "Sinto a Igreja a dizer-me que o bispo é profeta, testemunha e servo da esperança sobretudo nas situações onde maior é a pressão de uma cultura imanentista que marginaliza qualquer abertura à transcendência", afirmou. João Lavrador cumpriu o rito da ordenação episcopal e recebeu o Livro dos Evangelhos, o anel, a mitra e o báculo pastoral que o acompanharão na nova caminhada de fé que agora inicia na diocese do Porto junto de D. Manuel Clemente. D. JOÃO LAVRADOR, BISPO AUXILIAR DO PORTO ---------------------------------------------------------------- "AFASTADOS DE DEUS" Correio da Manhã – Ficou surpreendido com a nomeação? D. João Lavrador – Fiquei surpreendido em primeiro lugar por ser nomeado bispo auxiliar e, depois, por ser para o Porto. CM – Que desafios o esperam? D.J.L. – Os desafios hoje são globais. O que devemos fazer é responder às solicitações da Igreja e da sociedade que é de mudança e renovação constantes e onde há um afastamento de Deus. CM – A proximidade com a Irmã Lúcia marcou-o de que forma? D.J.L. – Tive o privilégio de conviver com Lúcia e de ter participado nas suas cerimónias fúnebres, um momento de grande intensidade espiritual. Sei que ela levou as minhas intenções a Deus e espero que o processo de beatificação decorra de forma serena para que em breve suba ao nosso altar. |