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SEMINTENDES

Lendo, vê Semintendes...

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SEMINTENDES

17
Jan08

25 anos de Bispo

lamire

D. Albino Mamede Cleto celebra no próximo dia 22 de Janeiro os 25 anos da sua ordenação episcopal. Lisboa e Coimbra foram as dioceses que acolheram este Bispo nascido há 72 anos em São Pedro, Manteigas. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o actual Bispo de Coimbra passa em revista as suas memórias e deixa desejos para o futuro.

 

 

Agência ECCLESIA (AE) – Na celebração das bodas de prata episcopais é tempo de fazer balanço e olhar para o percurso de vida. Como foi a sua infância em Manteigas?
 
D. Albino Cleto (AC) – Nasci numa comunidade cristã. Tanto a minha família, como a paróquia transmitiram-me verdadeiros valores de fé e também de generosidade. A minha vocação para o sacerdócio é a chamada vocação infantil. Desde miúdo que me senti encantado com o serviço de Deus. Neste percurso ajudaram-me também os pais, os catequistas e o pároco.
 
Uma infância normal... mas gostava de sublinhar a importância de outra escola: a serra com a sua natureza. Nos tempos de Primavera e Verão encanta, mas nas ocasiões de Inverno é dura e austera. A serra ensina-nos uma coisa na vida: a estabilidade, a fidelidade e a naturalidade com que havemos de aceitar a chuva, o frio e a neve. A serra marcou o meu temperamento.
 
 
AE – Bebeu esses sabores no espírito de S. Francisco de Assis?
 
AC – Nunca me senti propriamente filho de S. Francisco, mas sempre o apreciei.
 
 
AE – E o papel das suas catequistas e professores primários na descoberta vocacional?
 
 
AC – Foram fundamentais. Tive vários professores primários, mas aquela que me acompanhou na Quarta Classe abriu-me para a vida, sobretudo para a arte de declamar e fazer teatro. Esta aprendizagem ajudou-me a enfrentar uma grande assembleia com naturalidade. Isto devo-o à minha professora da Quarta Classe.
 
As catequistas também foram maravilhosas. A que me preparou para a Primeira Comunhão era uma santa velhinha. Eram mulheres admiráveis de fé e dedicação.
 
 
AE – Depois desses passos ingressou num seminário da diocese de Lisboa. Porquê a capital e não a Guarda?
 
AC – Por uma birra de garoto. Combinámos – eu e dois colegas da Quarta Classe – ir para o seminário, mas tinha de ser o mesmo. Fizemos o exame de aptidão. Eu fui admitido, mas os outros não. Fiz birra e não fui para o Seminário da Guarda. Vou para onde os outros forem. O meu prior candidatou-os para os Seminários do Patriarcado. Foram aceites e viemos para Santarém.
 
AE – Quando era miúdo fazia birras?
 
AC – Muitas e não estou arrependido delas. Aquela mereceu-me uma bofetada do meu pai, mas respeitou a minha birra.
 
 
AE – Antigamente era frequente escolher-se o seminário?
 
AC – Sim. A Guarda tinha muitas vocações e o Patriarcado acolhia os outros candidatos.
 
 
AE – Esse projecto de vida a três durou muito tempo?
 
AC – Os outros dois acabaram por sair pouco tempo depois. Deus fez-me uma brincadeira, mas estou-Lhe agradecido. Sem desprezo pela querida diocese a que pertenço por naturalidade – a Guarda -, sinto-me filho da Igreja de Lisboa.
 
 
Lisboa
 
 
AE – Foi ordenado em Lisboa e exerceu o seu múnus presbiteral sempre perto da cidade.
 
AC – Deus deu-me um rebuçado porque eu tinha o sonho de ir trabalhar com jovens. O lugar que me agradava mais era o seminário, mas cheguei a estar nomeado «in pectore» (em desejo) para coadjutor da paróquia de S. Mamede. No entanto recebi a nomeação para o Seminário de Almada. Trabalhei lá 19 anos. Aquele período deixou-me muitas saudades.
 
Um dia, o Cardeal Ribeiro colocou-me na paróquia da Estrela. Foram quatro anos e meio inesquecíveis porque foi uma experiência pastoral alargada. A paróquia deu-me um panorama mais aberto, visto que trabalhei com crianças, jovens e idosos.
 
 
AE –Nota-se que sente nostalgia dos tempos do Seminário de Almada?
 
AC – É verdade. Foram anos muito felizes. Ainda está na minha memória, o dia em que o Seminário foi invadido, nos tempos bravos do PREC. No entanto, o que mais me fez sofrer e alegrar foi a queda e subida vocacional. Comecei com 170 seminaristas, depois passou-se para os 11, e, quando saí já estávamos nos 20.
 
 
AE – Pastoralmente trabalhou sempre perto do Tejo. Conheceu também a região Oeste do Patriarcado?
 
AC – Foram contactos fortuitos. Visitávamos os seminaristas e grande parte deles era das paróquias do Oeste. Nunca trabalhei estavelmente no Oeste.
 
 
AE – Ao longo desse trabalho teve pessoas que o marcaram?
 
AC – Muitos. Primeiramente, no Seminário de Almada, destaco D. João Alves. Foi meu professor e, depois, acolheu-me muito bem na equipa. Aquela equipa era excelente. Quando fui chamado para bispo, tive o prazer – digo-o claramente – de ser membro de uma equipa episcopal única. Presidida pelo Cardeal António Ribeiro, incluía o actual Patriarca, D. José Policarpo; D. António Reis Rodrigues e D. Serafim Ferreira e Silva. Foi uma escola excepcional. Foram meus professores no episcopado.
 
 
Memórias do Cardeal Ribeiro
 
 
AE – Ainda se recorda quando foi chamado para receber a notícia da nomeação episcopal?
 
AC – Era dia de Conselho Presbiteral. Nele alguém perguntou a D. António Ribeiro quando vinha o novo bispo auxiliar de Lisboa. Sei que foram colocados muitos olhos em mim e isso irritou-me muito. A meio da manhã, D. António Ribeiro disse-me para eu passar, pela tarde, pelo Patriarcado. Desde esse momento, o meu coração ficou aos pulos. Quando me sentei junto de D. António Ribeiro, os meus joelhos tremiam. Foi uma das vezes que vi o cardeal Ribeiro a rir imenso. Ria porque me via a tremer. Depois, seriamente, disse-me que eu estava chamado para ser bispo.
 
 
AE – Porque tremia?
 
AC – Ser bispo não é uma brincadeira.
 
 
AE – Sentia que não estava preparado para tal?
 
AC – Sentia que era um chamamento que não merecia. Estava longe das minhas perspectivas.
 
 
AE - Foi recebido por D. António Ribeiro com risos. Não era uma faceta muito habitual nele.
 
AC – Pois não, mas viu-o algumas vezes a rir. Numa Quinta-Feira Santa, em plena Sé de Lisboa, cai da cadeira... Quando me levantei, vi que ele estava a rir-se da minha queda.
 
 
AE – Episódios para recordar... Era íntimo do Cardeal Ribeiro?
 
AC – Por disponibilidade de instalações, eu era o único bispo que residia com ele no Patriarcado. Os outros residiam noutras casas. Eu era a pessoa com quem ele estava mais tempo. Além de almoçar e jantar com ele, o meu quarto era junto do dele. Quando chegava o mês de Páscoa e do Verão, ele convidava-me para o acompanhar nas suas férias no estrangeiro. Tinha de fugir de Portugal para ter alguns dias de descanso e descontracção. Tenho uma memória bastante saudosa das viagens que fiz com ele.
 
 
AE – Foi seu amigo e professor?
 
AC – Sim. Ensinava-me a olhar as terras por onde passávamos. Chamava-me a atenção para os monumentos, tipo de vida e até para a agricultura. Contou-me muitas histórias do seu passado ainda que ele fosse parco em conversa. Fizemos muitos quilómetros em silêncio. Ele falava quando tinha que falar...
 
 
AE – Eram o oposto?
 
AC – Nesse aspecto sim. Eu falo de mais. Ele falava apenas o suficiente.
 
 
AE – Também passaram momentos complicados?
 
AC – Sim. Uma delas foi a primeira campanha do aborto.
 
 
AE – E o seu relacionamento com os restantes bispos auxiliares?
 
AC – Éramos muito próximos. Com D. Serafim conversava muito. Com D. António Reis Rodrigues, eu calava-me a ouvir um sábio. Com D. José Policarpo sentia-me da mesma geração, por isso perguntava-lhe tudo e ele também confiava em mim.
 
 
AE – Qual é o seu lema episcopal?
 
AC – «Mais alegria em dar que em receber» (citação de S. Paulo, no Livro dos Actos dos Apóstolos). Este lema orienta-me desde os tempos da juventude.
 
 
AE – Também foi secretário da Conferência Episcopal Portuguesa?
 
AC – Gostei muito de desempenhar essa tarefa. Permitiu-me contactos muito enriquecedores, sobretudo no estrangeiro. Em representação da CEP participei em muitas reuniões nas várias capitais da Europa
 
 
Sob o signo da Estrela
 
 
AE – Nasceu na Serra da Estrela, esteve na paróquia da Estrela e está na cidade do rio da Estrela...
 
AC – Costumo dizer que Nossa Senhora é a Estrela da minha vida.
 
 
AE – Vai com frequência à sua terra natal?
 
AC – Passo lá uns dias no Natal e na Páscoa. No Verão passo lá uns tempos. Tenho lá família e considero a gente da minha terra uma verdadeira família. Nunca quis perder os laços e as raízes telúricas daquela serra e daquelas gentes.
 
 
AE – Na serra retempera as forças para a pastoral coimbrã. Ainda se recorda da sua nomeação para a diocese de Coimbra?
 
AC – Foi uma surpresa para mim quando o cardeal Ribeiro me perguntou se eu tinha as malas prontas. Percebi logo a conversa porque sabia que era o bispo auxiliar que estava mais à bica de ser nomeado. No entanto julgava que ia para Beja. Fiquei muito surpreendido quando D. António Ribeiro me disse que ia para Coimbra porque D. João Alves me queria como coadjutor. Para mim foi uma dupla alegria: vir para a Igreja de Coimbra e ser coadjutor de alguém que me marcou muito.
 
 
AE – Mas esteve com um pé em Beja?
 
AC – Na altura a diocese de Beja procurava um sucessor para D. Manuel Falcão. E falava-se nisso...
 
 
Coimbra
 
 
AE – Está há dez anos em Coimbra. Aspectos negativos e positivos nesta década?
 
AC – Nos pontos negativos confesso o meu pecado de não ter sido capaz de responder às necessidades desta diocese, sobretudo no capítulo da Pastoral Juvenil. A dificuldade é grande e vem da instabilidade de residência dos jovens universitários, embora estudando em Coimbra passam fora os fins de semana. Sinto talvez que não tenho muitos padres com apetência e capacidade para a Pastoral Juvenil.
 
Noto também alguma lentidão na dinamização de leigos para as responsabilidades nas paróquias. Neste aspecto também aponto valores conseguidos: temos um laicado muito generoso para trabalhar na e com a Igreja.
 
Como falha, realço também a pastoral da família e o diálogo fé/cultura. Na pastoral vocacional sinto um progressivo crescimento. Apesar destas falhas sinto que tenho uma boa relação com o clero, com os cristãos e a sociedade civil.
 
 
AE – É um bispo mais de gabinete ou da pastoral?
 
AC – Tenho fama de poisar pouco em casa, embora me dê muito jeito – sobretudo aos serões – ficar no gabinete. Ando muito por fora. É um bocado de temperamento e de desejo de responder às solicitações feitas.
 
 
AE – Então conhece a diocese como as palmas das mãos?
 
AC – Pelo menos conheço-a bem. Estou prestes a terminar o circuito das visitas pastorais às 270 paróquias da diocese.
 
AE – Uma diocese muito diversificada?
 
AC – Isso é uma riqueza. Tem a parte marcadamente urbana (cidade de Coimbra); uma zona tipicamente marítima (da Praia de Mira à Figueira da Foz); uma zona interior e serrana (inclui os concelhos de Arganil, Oliveira do Hospital e Pampilhosa da Serra) e uma zona muito característica e cristã - é tipicamente agrícola - (de Penela a Ferreira do Zezere, onde Pombal é uma cidade notável)
 
Esta variedade agrada-me muito. Enriqueceu-me e permite-me uma pastoral bastante diferenciada.
 
 
AE – Existe uma pastoral específica para cada região?
 
AC – Procuro acompanhar esta variedade com os quatro vigários regionais. Cada vigário é responsável por cada uma das regiões: urbana, marítima, nordeste serrano e agrícola sul.
 
Com a ajuda deles fazemos uma pastoral unificada e, em simultâneo, diversificada. Uma pastoral de acordo com a tipologia e a tradição cristã. As quatro regiões não vivem igualmente a fé. Sublinho a zona da Gândara, com a capital em Cantanhede, que é uma das regiões mais cristãs e, depois, a região sul (Ansião e Alvaiázere ) que também é marcadamente cristã.
 
 
AE – Dialoga facilmente com o cosmopolitismo de Coimbra e a ruralidade de outras regiões?
 
AC – O que me falta é o tempo para o fazer. Não tenho dificuldade em estabelecer contacto, diálogo e sintonia com os vários estratos sociais. Falta-me é tempo para pensar, reflectir e programar.
 
 
AE – Sendo Coimbra uma cidade de estudantes, a pastoral universitária é a menina dos seus olhos?
 
AC – É um espinho que tenho. No entanto, existem boas relações com a reitoria e com os professores, onde um grupo católico se afirma. Falta-me é tempo para estabelecer iniciativas de diálogo com a parte da cultura superior.
 
 
AE – Antigamente, o contacto com os estudantes era mais fácil, visto que eles passavam mais tempo na cidade do Mondego?
 
AC – Actualmente estão na cidade, de Domingo à noite a Sexta-feira à tarde. Temos desenvolvido algumas actividades, mas chegámos à conclusão que o contacto deverá ser de pessoa a pessoa. Os estudantes é que têm de cativar os seus colegas para iniciativas de interesse. Os anúncios públicos de encontros e celebrações perdem-se. Os estudantes respondem sim ao convite pessoal. Iremos apostar neste caminho...
 
Temos o Secretariado da Pastoral do Ensino Superior (SPES) e o «velho» Centro Académico de Democracia Cristã (CADC) que mobilizam a universidade e os universitários.
 
 
AE – Em Latim, SPES significa esperança. É isso que sente nestes jovens universitários?
 
AC – Tenho muita esperança, mas eles deslocam-se quando terminam o curso. É a vida...
 
 
AE – Outrora, Coimbra formava doutores cristãos. Hoje, forma apenas doutores?
 
AC – Muitos destes elementos são válidos nas suas paróquias. Afirmo isto porque já fizemos estatísticas: muitos dos universitários são catequistas, fazem parte do grupo de jovens da terra e são membros do grupo coral da paróquia.
 
Só que a paróquia dá-lhes fé e alimenta-lhes a sua prática, mas não os prepara deontologicamente. Não prepara o futuro médico para responder cristãmente aos problemas que a Medicina coloca. Não prepara o engenheiro, advogado ou gestor para a ética deontológica. Só no ambiente académico é que se faz essa preparação do profissional católico.
 
 
AE – O CADC e o SPES deverão promover actividades dessa ordem.
 
AC – Temos feito algo, mas pouco para as necessidades. Já se realizaram encontros, actividades e diálogos onde focámos esses pontos: na área do cinema e bioética.
 
 
AE – Coimbra aproveita o nome de grandes figuras que passaram ou residiram na cidade, tal como Miguel Torga, Pe. Américo, Mons. Nunes Pereira ou a Irmã Lúcia?
 
AC – São figuras que estão presentes, mas, com pena minha, o Pe. Américo pouco. Isto significa que Coimbra não está a reagir à pobreza como em tempos reagiu.
 
 
AE – Recentemente, lamentou que a pobreza está a aumentar em Coimbra.
 
AC – Como em todos os lados de Portugal. Aqui deve-se, sobretudo, ao encerramento de algumas indústrias, nomeadamente, no campo da cerâmica e têxtil. Deixaram centenas de pessoas no desemprego.
 
 
AE – Para apoiar estes desprotegidos existe um sector da pastoral social?
 
AC – Está bem desenvolvido. A Cáritas diocesana é modelo, mas tem acudido mais à área da infância, terceira idade e toxicodependência. Este organismo tem tido múltiplas respostas para a toxicodependência. Efeitos dos lugares onde há muita juventude.
 
 
AE – Então podemos concluir que a boémia e o fado ainda continuam a existir?
 
AC – Até muito acentuadamente. Os professores universitários queixam-se que, nos dois primeiros anos, as festas ainda cativam muito os alunos.
 
AE – Como lida com frequência com a juventude está adaptado às novas tecnologias?
 
AC – Lentamente. Acolho-as e procuro utilizá-las, mas não me deixo prender muito por elas. Correm o risco de me roubar tempo. No entanto tenho computador que utilizo mais para escrever textos do que para Internet.
 
 
Cultura e desporto
 
 
AE – Prefere as artes...
 
AC – Os educadores que tive abriram-me para o campo das artes. Nesse capítulo tenho procurado servir a Igreja e acompanhar as expressões artísticas. Procuro que na pastoral dos bens culturais, a Igreja se actualize e continue a desempenhar o seu papel tradicional: ser sempre criadora, guardiã e boa utilizadora das artes.
 
 
AE – Quando Coimbra foi capital da cultura, a Igreja esteve na dianteira e mostrou o seu património.
 
AC – Foi débil. Nem os habitantes ficaram satisfeitos com o que se fez. A Igreja também fez pouco... uma exposição e alguns concertos.
 
 
AE – No entanto, Coimbra é conhecida pelo seu riquíssimo património.
 
AC - Muito rica. Procuramos valorizar os velhos monumentos da cidade, apesar de serem propriedade do Estado. Quanto ao resto da diocese, sublinho a riqueza da estatuária, sobretudo da pedra de Ançã (zona de Coimbra). Nos séculos XV e XVI, Coimbra tinha as velhas escolas dos escultores deste tipo de pedra. Também existem boas obras de pintura e ourivesaria.
 
 
AE – No início do século XX muito desse património desapareceu...
 
AC – Em 1908/09, através do grande bispo, D. Manuel Bastos Pina, a Igreja estava a fazer um grande museu - seria o primeiro museu de arte sacra –, mas perdeu tudo para o actual Museu Machado Castro.
 
 
AE – Consequências da implantação da República.
 
AC – É verdade.
 
 
AE – Para além da arte também acompanha a realidade desportiva?
 
AC – Gosto de saber os resultados da Académica e da Naval. No fim de cada jornada pergunto sempre os resultados destes dois clubes.
 
 
AE – Sendo o Futebol um desporto de massas, tem algum padre ligado directamente à evangelização neste campo?
 
AC - Na Académica existe o cónego Aurélio Campos – uma figura muito querida neste meio – que dá um verdadeiro testemunho. Nas bênçãos, ele faz a sua invocação cristã do momento.
 
 
AE – A cidade está com o clube?
 
AC – Existe uma claque – a Mancha Negra -, mas a juventude não vai muito ao futebol. Quem apoia a Académica são os velhos estudantes das décadas anteriores.
 
 
AE – Suponho que apesar da vida bastante ocupada ainda tem tempo para a leitura. Que escritores aprecia?
 
AC – Uma das minhas falhas é não ler mais, mas como escritor aprecio Miguel Torga.
 
 
AE – É o lado telúrico da Serra da Estrela.
 
AC – (Risos)... Fui professor dessa arte, mas, para vergonha minha, tive de deixar o romance para passar a ler mais literatura pastoral.
 
 
AE – Licenciou-se na Faculdade de Letras.
 
AC – É verdade, mas está tudo arquivado.
 
 
AE – Sei que também gosta de apreciar boa pintura.
 
AC – Gosto de Pintura Moderna. Tenho procurado abrir a sensibilidade de padres e seminaristas para que compreendam sem hostilidade essa pintura moderna.
 
 
AE – Evangelizar através da arte.
 
AC – Tenho algum diálogo com pintores de Coimbra. 
 
 
AE – A diocese tem alguns jornais. É colaborador assíduo?
 
AC – Sou um colaborador ocasional, acompanho os seus passos. Eles retratam muito bem a vida da diocese, sobretudo o «Correio de Coimbra», devido à cobertura que fazemos e a interligação existente entre a Casa Episcopal e a Redacção do jornal. Esta colaboração irá, brevemente, traduzir-se na criação de um gabinete de informação.
 
 
Futuro
 
 
AE – Projectos para concretizar na diocese de Coimbra?
 
AC – Valorizar o laicado e relacionar o clero com este laicado, de modo que as comunidades cresçam. Tenho o sonho e a promessa de conseguir um bom centro pastoral. Só não está já em construção - junto ao Seminário de Coimbra – devido a problemas de ordem burocrática no urbanismo da cidade.
 
 
AE – Não sonha também com a beatificação da Irmã Lúcia?
 
AC – Sim. Sim. Se tiver essa alegria de poder abrir o processo, darei graças a Deus.
 
 
AE – Já enviou para o Vaticano o pedido de dispensa dos cinco anos.
 
AC – Continuo a aguardar a resposta.
 
 
AE – E um sonho para a Igreja portuguesa?
 
AC – Que o nosso laicado aprofunde as suas convicções de fé, de modo que se se verificar uma diminuição numérica de cristãos, possamos alegrar-mo-nos com o aumento da corresponsabilidade desses cristãos.
 
Alegrar-me-ei também se continuar a verificar o aumento de vocações consagradas, nomeadamente sacerdotais.
 
 
AE – Esse foi também o desejo de Bento XVI aos bispos portugueses.
 
AC – Sem dúvida.
 

 

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