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SEMINTENDES

Lendo, vê Semintendes...

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SEMINTENDES

22
Jun06

ainda sobre os professores... alguém com bom senso

lamire

('A Bola' de 5 junho(?)

Vítor Serpa

Porque hoje é sábado

Os professores andam em pé de guerra.
Como os professores são normalmente distantes uns dos outros, os seus pés de guerra andam por aí semeados como pés de salsa, espalhados pelo País.
De norte a sul. Os professores estão descontentes.
Com a vida que lhes corre mal, porque ninguém os valoriza; com os colegas, que só se interessam por resolver a sua vidinha; com os alunos, que os desconsideram e maltratam; e, acima de tudo, com o Governo da nação, que os desvaloriza, os desautoriza e os desmoraliza.
Nunca fui um estudante fácil e sabia que um professor desautorizado era um homem (ou uma mulher) morto na escola.
Não quero dizer fisicamente mas profissionalmente.
Como sempre fui bom observador, conhecia de ginjeira os professores fortes e os professores fracos.
Os fortes resolviam, por si próprios, a questão.
Alguns pela autoridade natural do seu saber e da sua atitude, outros de forma menos académica.
Os fracos eram defendidos pelos reitores. Ir à sala de um reitor era, já por si, um terrível castigo.
Mas bem me lembro que professores fracos e fortes, bons e nem por isso, se protegiam se defendiam e se reforçavam na sua autoridade comum.
Já nesse tempo se percebia que tinha de ser assim, porque, se não fosse, os pais comiam-nos vivos e davam-nos, já mastigados, aos filhos relapsos. E isso a escola não consentia.
Os pais, dito assim de forma perigosamente genérica, sempre foram entidades pouco fiáveis em matéria de juízo sobre os seus filhos e, por isso, sobre quem deles cuida, ensina e faz crescer.
Os pais sempre foram o pavor dos professores de natação, dos técnicos do futebol jovem, dos animadores das corridas de rua. Os pais, em casa, acham os filhos umas pestes; mas na escola, no campo desportivo, no patamar da casa do vizinho, acham os filhos virtuosos e sábios. Os pais são, individualmente, insuportáveis e, colectivamente, uma maldição.
Claro que há pais... e pais. E vocês sabem que não me refiro aos pais a sério, que são capazes de manter a distância e o bom senso.
Falo dos outros, dos pais e das mães que acham sempre que os seus filhos deviam ser os capitães da equipa e deviam jogar sempre no lugar dos outros filhos.
O trágico disto tudo é que são precisamente esses pais os que, na escola, se acham verdadeiramente capazes de fazer a avaliação, o julgamento sumário dos professores dos seus filhos, achando que eles só servem para fazer atrasar os seus Einsteinzinhos.
Por isso eu aqui me declaro a favor dos professores. Quero jogar na equipa deles contra a equipa dos pais e ganhar o desafio da vida real e do futuro deste país contra o desafio virtual dos pedagogos de alcatifa.
07
Jun06

O Professor não sabia

lamire

Abílio Duarte Simões

In: correio de Coimbra, 1jun06

..............................

O professor Manuel Maria Carrilho pode, de facto, ter sido barbaramente atacado na sua estrutura familiar.

Pode não ter razão alguma nas críticas que formula no seu livro.

Pode ter só alguma (limitada) razão.

Pode não resistir à crítica de que só apresenta "considerações genéricas e indiferenciadas".

Pode ter tardado demasiado tempo para tomar uma atitude destas.

Pode não saber perder. Pode não saber aceitar que os eleitores têm sempre razão.

Pode "ter-se posto a jeito", para usar palavras de conhecido comentador.

Pode considerar que um aperto de mão se dá, ou recusa, conforme as câmaras estão ligadas ou desligadas.

Pode proceder como gostam certas figuras públicas, fazendo desconhecer estarem a ser filmadas e tirarem da filmagem todo o partido possível.

Pode não explicar (nem de tal ser capaz) a inusitada paixão (processual, já se vê) de Emídio Rangel, homem reconhecidamente por dentro de todos os meandros agora tão acidamente criticados.

Pode tardiamente ter chegado a uma conclusão sobre o pérfido (diz ele, entenda-se) papel das agências noticiosas.

Pode (também) ter ficado mal colocado com a acusação de Emídio Rangel sobre "jornalistas avençados da PT".

Pode ter-se sentido aliviado quando essa acusação foi desmentida em relação a dois nomes conhecidos. Pode alguma vez ter beneficiado do que agora pretendeu arrasar.

Pode a humildade (naturalmente laica) não ser nele a maior virtude.

Pode não ter esclarecido a acusação de ter adulterado, sem autorização, diversas entrevistas que lhe foram feitas e que depois publicou como entendeu.

Pode sentir-se no direito de "caluniar e insultar toda a gente que não lhe rende homenagem".

Onde abundam as hipóteses esbatem-se as certezas? E intencionalmente assim se procede. Exactamente porque não se escreveu para atacar quem atacou. Escrevi por causa de uma sua afirmação que não vi desmentida. Nem esclarecida. Nem objecto de qualquer explicação.

Falando do cumprimento que não existiu (logo de seguida o seu adversário lançou-lhe um simpatiquíssimo epíteto), disse o filósofo político: "Eu não sabia que estava a ser filmado"!

O homem tinha direito aos gestos privados que entendesse assumir e podia prescindir de algumas normas de boa educação? Era obrigado a exteriorizar uma simpatia que, indiscutivelmente, lhe não ia na alma nem no coração? Podia ultrapassar regras de etiqueta que ali, sem câmaras, considerava dispensáveis?

Sabemos que, muitas vezes, os políticos reduziram essa nobre arte a um espectáculo. E todos nos reconhecemos o direito de não acreditarmos piamente em tudo o que nos querem fazer aparecer, nem que seja uma (forçada?) educação, expressa em (pouco) amável cumprimento e em (não menos) forçados risos amarelos.

Seja como for, o que não foi realizado para as câmaras não fazia parte do espectáculo. E (educadamente) tinha direito ao recato dos corredores.

Já agora, se me permitem, não escrevi este artigo para defender quem não conheço! Pretendi reflectir que, noutras situações, muito específicas, muito (penso eu) mais dignas e merecedoras de acrescido respeito, tem de haver normas, devem estar consagradas exigências, limites são indispensáveis. Para que nem tudo seja reduzido ao (puro) espectáculo. E seja respeitado (pelo menos) quem não se rende à violência das câmaras, à intranquilidade que suscitam, ao desrespeito que promovem.

E se essas normas não vierem com clareza, objectividade, frontalidade (depois de tardarem tanto tempo), quem sabe se outro caminho não haverá de seguir-se. Talvez todos fiquemos descansados...

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