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SEMINTENDES

Lendo, vê Semintendes...

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SEMINTENDES

25
Abr06

LIBERDADE

lamire

No meu tempo de menina e moça já tinha passado a época dos lírios e vinha agora a dos cravos.

Não havia varanda, jardim ou quintal sem um vaso ou um canteiro onde os as cores dessas flores se misturavam desde os brancos aos vermelhos, alguns deles matizados.

 E era engraçado aquele cheiro combinado inicialmente com o do alecrim e, como persistiam durante muito tempo, vinha depois misturar-se com o dos manjericos que, não tarda, estão aí. Era uma autêntica revolução da mãe natureza esta que se aproxima, em que as flores rebentavam numa sequência libertadora como se a existência fosse perfeita e não existisse sem cor, sem aroma, sem vigor.

Mas aquilo que mais me impressionava é que no meio desta profusão reinava uma ordem desconcertante, parecendo que cada planta se ajustava ao seu quinhão, sem estender as raízes para a terra onde outras flores rebentavam e outras e outras.

Às vezes convencia-me que tudo era mesmo assim, perfeito, como se não fosse preciso cuidar delas, obra de um acaso natural. Era o meu desconhecimento ou rebeldia juvenil que não atentava nas pequenas e sábias atenções que, durante todo o Inverno, alguém lhes tinha dado, de forma silenciosa, protegida.

Os meus preferidos eram os cravos vermelhos porque sentia neles a vida. Sentia-lhes o perfume à distância e, se alguns deles enfeitassem as jarras da minha casa, a minha alma tinha uma outra coragem.

Eu tinha 18 anos e era ainda menina e moça. Crescera numa família de regras e de franqueza, onde se sentiam restrições para a maioria das insignificâncias. Abril foi sempre um mês com muito significado por algumas razões, mas sobretudo deslumbrava-me aquele poder, que ninguém contrariava, de ver os campos salpicados de flores silvestres zeladas apenas pelo tempo, provocando-me uma tentação desmedida de me deitar sobre elas e rolar como se, no mundo, apenas coubessem elas, eu e o céu.

E eu pensava que esta era a única sensação de liberdade. Noutra idade pude perceber que a liberdade é aproveitada pelos mais estranhos percursos de vida. Mas continuo a acreditar que, independentemente dos caminhos, ela só existe com os mesmos ingredientes que conheci nesses bons tempos de irreverência.

 .....

de: http://outraidade.blogs.sapo.pt/

13
Abr06

Com (a sua) licença!

lamire

 

Com licença, se não incomodo, permito-me chegar à Redacção, pela primeira vez em mais de 50 anos de escrevinhador de jornais, por via electrónica, que não por simples folha de papel manuscrita ou dactilo­grafada, entregue em mão, por via postal ou, pura e simplesmente, metida por debaixo da porta.

Foi uma conquista pessoal. Nunca em minha vida fui muito de alinhar em projectos vanguardistas, mas também nunca gostei de ficar para trás. Presentemente, simples professor em descanso (aposentado ou reformado se quiserem), chegou (só!) agora o momento - verdadeiro impulso que senti - de me converter às novas tecnologias. É, de verdade, um mudo fascinante! Já me havia apercebido disso mas o certo é que, ainda na efectividade, quando estes recursos iam entran­do sorrateiramente na Escola, ia pensando que tal já não seria para mim, em fim de carreira, e, por isso, não os acolhi de peito aberto, dada a complexidade com que se me apresentavam. Erro meu, e grande, o não ter aderido logo de alma e coração a tal projecto. Com o passar do tempo, todavia, o preconceito desapareceu, a necessidade tornou-se imperiosa e as dificuldades aplanaram-se com a ajuda de bons amigos que me vão amparando. E assim, com esta carga de anos em cima, retirado da docência, obviamente, ando, entusiasmado, a aprender a escrever... ao computador!

De autêntico fascínio todo este mundo, de inesgotáveis recursos e infindáveis informações.

Só espero, agora, jamais vir a desistir desta decisão, com tanto de enriquecedor como de tardio, aguardando, também, que o próprio computador me vá servindo de inspiração para futuras escrevinhações, as quais me vão ajudando a passar o tempo, com muito gozo para mim e talvez algum interesse para outros.

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in: Correio de Coimbra, 13abril06

13
Abr06

Cónego Manuel Fernandes Nogueira: um profeta no século passado

lamire

Em edição da Gráfica de Coimbra e publicado pelo Cónego A. Brito Cardoso, acaba de sair mais um número da colectânea FIGURAS DA IGREJA NA DIOCESE DE COIMBRA, este a apresentar essa figura ímpar que foi o Cónego Manuel Fernandes Nogueira.

Não sei até que ponto ajudei também o Cónego Brito Cardoso a empenhar-se nesta tarefa, pois algumas vezes lhe disse ser uma pena que ninguém desse a conhecer a obra do Cónego Nogueira.

Com origens, também eu, na serra do Açor, tendo convivido com antigos alunos do «Colégio» fundado no Piódão em 1886 pelo então Pároco enco­mendado M. Fernandes Nogueira, co­nhecendo muitas aldeias serranas quando não tinham estrada e para as quais o único transporte era o dorso das cavaletas, compreende-se perfeitamente que quisesse saber mais sobre o «profeta» que anunciou a Palavra por aquelas redondezas e se atreveu em são cometimento, a criar, no Píódão dessa altura, um Centro de estudos por onde passaram centenas de pessoas ilustres que trilharam rumos diferentes na vida.

Nas páginas do Correio de Coim­bra, em Setembro de 1941, escrevia o Dr. Liberato do Nascimento Tomé a propósito de uma homenagem que os antigos alunos prestaram ao seu queri­do professor no Santuário de Nossa Senhora das Preces: «reuniu-se... um grande número desses antigos alunos. Nos olhos de todos via-se estampada a alegria que lhes inundava a alma. Da competência do mestre dava testemunho o triunfo pela vida fora dos seus discípulos ali presentes; do mestre de almas, do condutor de consciências, davam testemunho os fiéis que têm ouvido os seus conselhos e por eles orientaram a vida».

A. Brito Cardoso refere a sua ac­ção como Director Espiritual do Se­minário de 1919 a 1932, o serviço de Capelão das Urselinas, primeiro, e dos Moinhos (Miranda do Corvo) depois e realça, com entusiasmo, o seu jeito para a arte bem documentado nos altares da capela de Nossa Senhora de Lurdes, no Seminário Maior de Coimbra, o velho altar da capela do Seminário da Figueira da Foz ou da capela dos Moinhos, o da Capela da Casa de Retiros (aos Lóios) e sobretudo a Igreja Paroquial do Piódão.

Está de parabéns o Dr. Brito Car­doso por mais esta publicação sobre um homem que fazia falta na galeria das figuras notáveis da Igreja de Coimbra.

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in: Correio de Coimbra, 13abril06

13
Abr06

A Anacom vai lançar o Observatório de Tarifários de telef móvel

lamire
Anacom lança Observatório de Tarifas para telemóveis
Diário Digital - 18 horas atrás
A Anacom vai lançar o Observatório de Tarifários, uma ferramenta que permitirá aos consumidores compararem preços de chamadas do serviço telefónico móvel e que será divulgada através de uma campanha de publicidade que arranca na próxima segunda ...
Anacom promove simulador de tarifas com campanha publicitária Agência Financeira
Anacom vai lançar Observatório de Tarifários Fábrica de Conteúdos
Anacom - TeK.sapo - todas as 7 relacionadas »
13
Abr06

Acabaram as orações? Viva a (santa) TLEBES!

lamire

Abílio Duarte Simões

 Em Coimbra são visíveis, no mesmo edifício, dois elucidativos anúncios. Um deles garante: "Vendem-se apartamentos". Nada disso, publicita o outro! "Vende-se apartamentos" é a verdade.

À míngua de certezas sobre qual deles estará menos certo (ou errado?), socorro-me da opinião de mestre universitário: "Em caso de dúvida haja bom senso". Que não parece ter presidido à elaboração dos dois cartazes para o mesmo espaço... na cidade da sabedoria. Adiante que não é disso que quero falar. Mas antes de assunto em que o bom senso é muito mais indispensável. Falo da TLEBES. Entenda-se da "Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário". Ou, por outras palavras, dos novos nomes que, no ensino básico e secundário (só?), passam a ser dados a substantivos, adjectivos, conjunções, etc. E também às "orações". Que deixaram de existir para haver, apenas... frases. Com frases dentro das frases! Duma oração causal dizia-se que indicava... uma causa, duma condicional que propunha... uma condição, duma temporal que exprimia... a ideia de tempo, duma consecutiva que apontava... as (inevitáveis) consequências... do que se dizia e do que se fazia. Segundo a (pouco santa, digo eu) TLEBES, (quase) tudo isso está mudado. Oxalá que para melhor.

Das críticas de que pude aperceber-me não registei nenhuma quanto ao nome, a sugerir que os nossos entusiastas estudantes aprenderão uma nomenklatura gramatical no ensino básico e usá-la-ão (se usarem!...) até ao fim do secundário. Depois se verá. Que para universitários outra TLE... universitária aparecerá.

Pessoas que têm participado em acções de formação sobre o assunto trazem alguns recados. A mudança é para ficar, garantem. Quanto ao saneamento das "orações" vão aparecendo propostas para rever a novidade.

E eu permito-me perguntar (se a resposta já está dada peço desculpa pela distracção): Os próximos exames do 12." não vão ser feitos no culto à (nova) TLEBES? Todos os alunos foram preparados nessa perspectiva? Garantidamente há escolas onde tal está a acontecer. Não tenho a garantia de ser o mesmo em todo o lado.

Dizem os opositores dos (no­vos) iconoclastas gramaticais que "a velha gramática foi substituída por um curso de linguística, muito ao modo dos ingleses". Mas (digo eu) pior que isso serão as indecisões, os atrasos nos esclarecimentos, as dúvidas que pairam.

Em 22 de Fevereiro deste ano Maria do Carmo Vieira escreveu no "Público": "Felizmente vai aumentando o número de professores que se recusará a utilizar e a divulgar esta nomenclatura, cuja dificuldade até exige inúmeras acções de formação. Como se as regras gramaticais não tivessem sido já há séculos desenvolvidas e estabelecidas".

Pode uma afirmação destas ter sofrido desenvolvimentos que eu desconheça. Mas, se aos alunos vão ser colocadas questões previstas na TLEBES, como podem os professores recusá-la?

Enquanto para o assunto se irá procurando esclarecimento, deixo algumas "frases com frases" cuja gramática governativa (e não só) a TLEBES (qual?) ajudará a reflectir:

"Foi condenada a agressora duma professora (no mesmo país onde) bombeiro morre à espera de médico", "apreensão de cocaína, este ano, já ultrapassou os números de 2005" (e por onde andará a outra?), "Freitas falta às reuniões da EU" (enquanto) "Sócrates, meio nu, celebra uma religião correndo pela baía de Luanda", "Sócrates levou a Luanda um terço do PIB". (Não se sabe se havia trabalhadores na comitiva ou só os patrões são produtivos (mas) "a Polícia Judiciária entrou em situação de falência técnica".

Nenhuma tabela presidiu a esta selecção. Com ela pretendi, apenas, registar o bom senso. Que há, umas vezes. Que outras não se vê. Que é sempre indispensável. Também na gramática. Seja ela política ou não. E que a TLEBES não pode dispensar. Não devia...

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in: Correio de Coimbra, 13abril06

13
Abr06

O diálogo de culturas segundo Teilhard de Chardin

lamire

O 50.° aniversário da morte do célebre padre jesuíta Teilhard de Chardin foi assinalado em 2005 em diversos países, entre eles a China e o Egipto. Nasceu em 1881 e veio a morrer no domingo de Páscoa de 1955 como sempre havia desejado. Deixou uma vasta obra em que se incluem livros e correspondência que revelam a grandeza do seu pensamento e apresentam a visão de Deus, do mundo e do homem e a mística profunda que o caracterizava bem enraizada no espírito de S. Paulo.

Evidenciou-se como grande geólogo e paleontólogo, fomentou diálogos com pessoas de todas as origens e condições: cientistas e teólogos, filósofos e homens de letras, economistas e artistas. Absorvia-o o mundo cultural e religioso e, como homem planetário, estava atento aos tempos e à enorme diversidade de povos e civilizações, de convicções religiosas e de tradições.

Nada e ninguém lhe eram indiferentes, manifestava uma grande perspicá­cia nas suas pesquisas e uma singular fidelidade e resistência espiritual. Alargou consideravelmente a sua visão do mundo e do homem e abriu-se aos debates contemporâneos tomando como ponto de referência a bússola da Reve­lação, a fonte evangélica e a tradição. Conheceu incompreensões de vária ordem, dentro e de fora da Igreja por certas posições tomadas. Henri De Lubac foi um que defenderam o pensa­mento do seu confrade jesuíta no livro "La pensée religieuse du Père Teilhard de Chardin».

Em Teilhard encontramos uma vida intensa e sabiamente orientada, incan­sável em viajar, em manter relações fortes, debruçando-se em reflexões profundas, valorizando a correspon­dência com muitas pessoas, fazendo da China a sua terra privilegiada. Como dizia há pouco na Universidade de Évora o príncipe ismaelita Aga Khan e que Adriano Moreira tem su­blinhado frequentemente o pior que pode suceder nas relações entre as di­versas culturas é a ignorância mútua que os povos têm entre si. Por vezes parece que se cultiva o desconhecimento como sinal de evasão ou superioridade.

O Padre Teilhard foi professor de física e de química no Cairo, fez estudos científicos em Paris, viveu a Grande Guerra e fundou o Instituto de Geobiologia de Pequim. Um homem em acção constante que assim conseguiu alcançar uma visão global e coerente da sociedade e do mundo. Um dado fundamental em Teilhard é a sua ideia de evolução exterior e interior, visível e invisível, científica e mística. Segundo ele o homem é unificado interiormente sem ceder a qualquer tipo de determinismo, pois a liberdade não se opõe a Deus que com a sua dinâmica dá o sen­tido à história.

O mundo está em evolução e em génese, num triplo movimento em que entram além do elementos evolutivo a complexidade e a interiorização. O crescimento e a unificação são uma constante entre os dois pólos de origem e de realização total em que têm lugar relevante Deus, Alfa e Omega da história, a ascensão e o crescimento permanente, Cristo ressuscitado e o amor como força motor. Na evolução cultural, científica, política, religiosa e económica das sociedades há uma visão global e o homem vai descobrindo e desentranhando o Universo.

Em Teilhard, temos o defensor da alteridade, do respeito e dos direitos do Outro, das riquezas e convicções de cada um, pelo que o podemos considerar como um exemplo do diálogo de culturas, religiões e civilizações. Para ele, Cristo está no coração de tudo, um Cristo à dimensão do universo.

Podemos dizer que se antecipou aos grandes debates mundiais de hoje, como foi evidenciado em colóquios realizados nas últimas décadas do séc. XX. Uma das suas ideias interessantes é esta: não opor mas articular os avanços religiosos e científicos. "Sim, eu queria reconciliar com Deus o que há de bom no mundo moderno: as suas intuições científicas, os seus apetites sociais, a sua crítica legítima». Falava da "esquizofrenia cultural" que nos espreita quando queremos estabelecer separações e barreiras intransponíveis entre as diversas culturas e religiões.

Em Teilhard entrevemos a interdisciplinaridade efectiva, pois nenhum sector por si pode responder aos problemas que se colocam. O processo de socialização é, na sua obra, a entender como um movimento irreversível de globalização e de mundialização, a organização social sendo o fruto da liberdade e do amor. A combinação de raças e de povos, a multiplicação e a importância crescente das relações internacionais conduzem a «definir desde logo, nas suas linhas maiores e no seu dinamismo interno, a coisa de que a nossa acção tem mais necessidade: uma ética internacional». Pensamento e ética são inseparáveis.

Mas há uma exigência moral imprescindível para realizar o homem. «É impossível levar concretamente para diante um certo número de progressos da consciência humana sem que, auto­maticamente, este poder de circunstâncias reflectido não se imbua de obrigações internas...ao mesmo tempo que gera uma atmosfera inteiramente nova de exigências espirituais».

As religiões que são um facto evidente contribuem para o desenvolvimento da pessoa, em especial na sua dimensão mística. Estabelece-se uma comunhão das consciências, uma experiência humana total e a introdução na plenitude e mistério. «Não nos aproximaremos do Absoluto através de uma viagem mas pelo êxtase. Não estamos prisioneiros. Há uma saída e aragem, luz e amor para além da morte. O saber sem ilusão nem ficção. Eis o que precisamos absolutamente sob pena de morremos asfixiados pelo nosso ser. E eis onde se descobre o que ousaria chamar o papel evolutivo das religiões».

Os homens são levados por um flu­xo irreversível que as rupturas e os obstáculos mais resistentes não podem bloquear numa corrente de amor que os congrega. Para além das desigualdades e males, a humanidade caminha em busca do Homem, dos direitos, da paz e da felicidade. Cada um está penetra­do dessa força constante que arrasta para cima. O homem em vez de ficar preso num universo cego e hermeticamente cego deve abrir os olhos para a realidade: «Espectáculo estranho na verdade e de que depois de muito tempo eu não consigo desviar a minha atenção é que na Terra o cuidado de milhares de engenheiros se absorvem no problema dos recursos mundiais, carvão, petróleo ou urânio, e que ninguém, pelo contrário, não se preocupe em entender o gosto humano de viver: para ver a temperatura, para alimentar, para cuidar e porque não, para o aumentar». O que hoje equivale a dizer: prezar o humanismo, a qualidade de vida e o ambiente com tudo o que é inerente a cada uma destas áreas.

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in:Correio de Coimbra, 13abril06

06
Abr06

Confusões na montanha

lamire

Terei andado distraído ou falou-se mais daquele rabino que sugeriu aos seus fiéis que amputassem pernas às bonecas, lhes vazassem olhos e cortassem as orelhas do que daquele afegão que se converteu ao cristianismo.

Pios, céleres e escandalizados espíritos houve que quase fizeram a barba ao iconoclasta rabino que vislumbra laivos de idolatria em qualquer inocente brinquedo infantil. E muito bem, está claro. Danificar bonecas, inutilizar esses brinquedos, privar as pobres criancinhas duns momentos de sadia distracção é muito mais grave do que ter cedido à tentação de um qualquer bezerro de ouro.

Do pobre afegão pouco se disse. Trabalhando para um organismo estrangeiro, tendo contactado com gente cristã, foi caminhando para outras paragens, ultrapassou as limitações que, no seu país, são postas a quem ousa acreditar de maneira diferente e deu o passo adiante.

Pensar-se-ia que contava com o reconhecimento da mudança, a aceitação da diferença, porventura com a respeitosa surpresa de quem não estaria propriamente habituado a tais atitudes.

Puro engano. Em terras de Maomé (e não adianta dizerem que também noutros lados já assim foi...) é melhor não sair da montanha e deixar-se confundir com a floresta. E não gostar de presunto.

Acusado, submetido a julgamento, na iminência de ser condenado à morte, viu-se com a sorte de conservar a cabeça em cima dos ombros porque a justiça afegã descobriu que tal procedimento era próprio de quem não estava na posse plena das suas faculdades mentais. Exilado, veio para Itália.

Como tudo acabou bem...

Mas haveria de perguntar-se a certos liberais, globalistas, esclarecidos e progressistas por onde andou a sua atenção. Ou se tinham guardado o prudente silêncio caso tivesse acontecido o contrário.

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Abílio Duarte Simões

in: Correio de Coimbra, 6abril06

 

02
Abr06

QUEIXAS CONTRA O SPAM

lamire

A pedido de alguns “forenses” e com a devida vénia a Tyrannus Rex,

cá vai uma versão portuguesa do texto em latim macarrónico,

intitulado QUEIXUMINA ADVERSUS SPAM.

Vamos limitar-nos a dar o sentido essencial deste texto.

 

QUEIXAS CONTRA O SPAM

E RELAÇÃO DOS TRABALHOS QUE POR CAUSA DELE

TEM PASSADO O CIBERNAUTA SIMÕES:

 

O famoso filho da p… que pela primeira vez criou o SPAM,

Merecia:

1º carregar na cabeça uma pesada coroa de cornos;

2º ser açoitado no rabo através da via pública;

3º ser fechado pelos guardas numa cela;

4º que a chave fosse deitada ao lixo.

Jamais podia vir ao mundo maior praga.

Um homem não pôde cair em maior asneira

Do que pôr-se a fazer páginas da web.

 

Aparece ex nihilo Fantasma da Ópera, aparece!

Nós zangados acorremos contra o Fantasma,

Assanhados por uma ira imensa.

Vem para que possamos pespegar-te um bofetão

E vingar a afronta.

Vem para que nos engalfinhemos

E possamos fazer fervilhar sopapos e ressoar bofetadas.

Então ferverão os murros e os socos,

Misturados com os maiores cachações e pontapés.

 

Nunca podes imaginar, meu malandro,

Qual tem sido a relação dos trabalhos

Para o Cibernauta Simões.

Quanto ele tem sofrido para pôr as páginas direitas!

Quantas vezes, à noite deixou as páginas direitas,

E logo de manhãzinha ao fazer a controlo,

Encontra algumas “mancas”.

Passando de novo os olhos pelas páginas

Descobre que o Maligno veio de noite

E “aleijou” algumas.

Ó infeliz Cibernauta! Quanta desgraça!

 

A partir daqui dá voltas e voltas, retocando tudo

Para acertar a página, para que ela fique airosa.

Verdade seja que quanto mais se esmera na obra

Mais o SPAM asneia e vê-se obrigado a desmanchar

Tudo o que tinha feito antes,

Não conseguindo jamais acertar com o caminho.

Então o Cibernauta, de cabeça perdida, empurra o teclado

E atira para o chão tudo o que está sobre a secretária,

Praguejando contra aquele que pela primeira vez criou o SPAM.

 

De: Luís Carlos, com a devida vénia a Tyrannus Rex

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