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SEMINTENDES

Lendo, vê Semintendes...

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SEMINTENDES

29
Dez05

Los nadies

lamire
Los nadies
los hijos de nadie,
los dueños de nadie.
Los nadies:
los ninguno, los ninguneados,
corriendo las liebres, muriendo la vida,
jodidos, rejodidos:
Que no son, aunque sean.
Que no hablan idiomas, sino dialectos.
Que no profesan religiones, sino supersticiones.
Que no hacen arte, sino artesanía.
Que no practican cultura, sino folklore.
Que no son seres humanos, sino recursos humanos.
Que non tienen cara, sino brazos.
Que no tienem nombres, sino número.
Que no figuran en la historia universal,
sino en las páginas rojas de la prensa local.
Los nadies, que cuestan menos que la bala que los mata.
.....
E. Galeano
......
Zé Dias (29-12-2005 - 09:11:09 AM)
Lembrei-me deste poema, quando ouvi entre as várias notícias sobre a nossa crise uma outra informando que os hoteis estão cheios para o fim de ano e que por uns reles 750 euros se podem passar dois dias na Serra da Estrela ou por 400 euros ou mais se pode assistir à passagem do ano no Funchal.
28
Dez05

Eterno e criança

lamire

Abílio Duarte Simões
........
No sábado passado ouvi um (certamente reconhecido) professor universitário dizer que a heleníssima palavra "micro" veio do latim para a Lusitânia. E eu a pensar que tinha ela nascido nos paradisíacos mares gregos e nos dicionários de latim nem acostara! No mesmo dia um político, dirigindo-se aos bombeiros (de que nem só ele precisa...) garantiu, sem hesitações, que "eles manteram a costumada eficiência"! Nem pestanejou... E dois dias antes um governante, falando para público universitário, perorava "para que os cidadões...". "Até os militares, na terceira fila, se remexeram com tal situação", garantia o Jornal de Notícias de 18 de Dezembro.
Honra seja feita ao título de capa de uma revista, quando anunciava "novas teorias sobre a infância de Jesus". Claro que o conteúdo esqueceu-se das teorias e apresentava certezas (de quem as escreveu). Tem um pobre de recorrer ao dicionário e reparar que lá se diz ser teoria (entre outras coisas, é claro) "opinião sem fundamento científico ou prático sobre os princípios de uma ciência ou sobre a explicação de um facto". Também se diz ser "conjectura ou hipótese cuja validade é sujeita a verificação experimentar. E por aqui se fica, a este respeito.
Para prosseguir, reconhecendo que escrever sobre Jesus Cristo continua a vender, na sequência de "uma vaga do novo milénio a que não é alheio o tremendo sucesso d'O Código da Vinci", como disse Carreira das Neves à revista "Sábado", de sexta-feira, 16 de Dezembro.
"Os romances de Dan Brown e toda uma série de subprodutos literários, recorrendo a truques fantasiosos para melhor penetrarem em amplas camadas de leitores áridos de emoções compensadoras de um quotidiano rotineiro e cinzento, exploram o esoterismo das chamadas sociedades secretas".
Estas palavras, proferidas em 18 de Outubro passado, pertencem... ao grão-mestre da (nossa) Maçonaria!
Que (ainda) pediu a "abordagem séria, isenta e bem documentada do passado e do presente"!
Afinal, quem fala (e quem escreve!) tem de ter todos os cuidados. E o primeiro deles é a séria honestidade de reparar nas limitações próprias e não pretender tirar conclusões definitivas sobre o que é transitório, ou é discutível, ou não é passível de verificação. Nesta última referência está, com certeza, a infância de Jesus (e não só). Mas, sobretudo, o que os seus discípulos acreditam que Ele é de condição divina. Porque acreditam não conseguem provar. Procuram viver. Não sendo anjos. Longe disso. Atentos a todos os fenómenos humanos. Também àquele de tantas teorias quererem provar o não-provável. Teorias amistosamente (assim se considera) propostas por aqueles que d'Ele não são discípulos. E que aos Seus discípulos nada perdoam.
Afinal, mais do que palavras, há exigências maiores. Ainda maiores se são colocadas por uma criança...

……
Abílio Duarte Simões
Correio de Coimbra,22.12.05
28
Dez05

O menino mais solidário

lamire
jdiasilva.jpg.......
O Natal continua a ser a festa da solidariedade: com a família, com os amigos, com os mais pobres. Apesar de muitas práticas "pagãs", este dia recorda para muitos, sobretudo os cristãos, o maior exercício de solidariedade jamais realizado. A solidariedade do nosso Deus, que não quis ficar fechado no "quentinho" do seu amor infinito, mas se abriu, criando o mundo e o homem.
Por isso, o Natal, mais do que uma festa de solidariedade, é não só o fundamento da solidariedade, mas também os eu modelo posto em prática pelo próprio Jesus, que com o seu nascimento, vida, morte e ressurreição nos fornece os critérios mais consistentes.
Com o seu nascimento, Jesus quis "abandonar"a sua condição divina para assumir em plenitude a condição humana e fê-lo com tal eficácia que os seus conterrâneos perguntavam, anos mais tarde, "mas não é este o filho de José?" (Lc 4, 22).
Estes dois gestos destacam duas características que a solidariedade deve assumir. O seu "aniquilamento" (Fil 2,6-8) indica que devemos descer do pedestal da nossa auto-suficiência e do nosso modo de ver o mundo para respeitar o outro como ele é ou quer ser, não tentando sequer impor-lhe o nosso conceito de felicidade. Só assim, libertos interiormente, podemos assumir a condição do outro, pois não basta aceitá-lo ou respeitá-lo; é também necessário por-mo-nos na sua pele, olhar a história do seu ponto de vista e ser capaz de perceber o que há de bom nele e a partir daí colaborar e crescer em conjunto.
Da sua vida, que S. Pedro resumiu no "passou a vida a fazer o bem" (Act 10,38), vemos que Jesus, por um lado, estava atento as necessidades específicas de cada um e procurava dar-lhes solução e, por outro, com o seu estilo de vida, punha em causa a organização social do seu tempo naquilo que ela tinha de injusta e discriminadora. Assim também nós devemos estar disponíveis para servir os outros nas suas reais necessidades e não naquelas que pensamos que ele tem: ninguém é dono ou critério de vida para ninguém; a vida é de cada um e cada um é único e irrepetível (ChL 37; 40). Por outro lado, a solidariedade implica pôr em causa e denunciar não só as situações pontuais de injustiça mas também os critérios dominantes que violam a dignidade de cada pessoa, as práticas políticas ou sociais marginalizadoras já rotinadas na nossa sociedade.
No fundo, Jesus morreu porque pôs em questão o modelo de sociedade do seu tempo. S. João recorda isso mesmo naquele relato em que os sumos-sacerdotes e os fariseus se reuniram para ver o que devia fazer para que Jesus não os pusesse em causa. E Caifás não hesita: "ou ele ou nós; por isso, é preciso que ele morra" CJo 11.47-50).
A trilogia pascal fornece mais critérios para a vivência da solidariedade. Da paixão temos de reter o sofrimento. Talvez nunca tenhamos pensado nisso. Mas o sofrimento faz parte do amor e da solidariedade, porque não há solidariedade sem esforço que sempre tem de ser despendido, sem desgaste de não ver as coisas avançar tão lentamente, sem a sensação de impotência de nada mais poder fazer (JM 30) e até de tantas vezes sentir a incompreensão de quem nos dispomos a ajudar. A Sagrada Escritura lembra-nos este tipo de desgaste no modo como os israelitas recebem a iniciativa libertadora de Moisés (Ex 5,21).
Da morte, fica-nos o desafio contínuo de ter de abandonar práticas caducas ou ineficazes, de abandonar a rotina, que também pode desvalorizar o nosso "fazer bem". A morte, neste sentido, é sempre ter de morrer para coisas velhas e caducas para dar lugar à "ressurreição" de novas soluções, mais adequadas à novas realidades, pois vivemos num mundo em profundas mudanças a colocar continuamente problemas novos que exigem respostas novas.
João Paulo II diz isto com palavras inesquecíveis: "E o cenário da pobreza poderá ampliar-se indefinidamente se às antigas pobrezas acrescentarmos as novas que, frequentemente, atingem mesmo os ambientes e categorias dotadas de recursos económicos, mas sujeitos ao desespero da falta de sentido, à tentação da droga, á solidão na velhice ou na doença, á marginalização ou à discriminação social. O Cristão, que se debruça sobre este cenário deve aprender a fazer os eu acto de fé em Cristo, decifrando o apelo que Ele lança a partir deste mundo da pobreza, Trata-se de dar continuidade a uma tradição de caridade que teve inumeráveis manifestações nos dois milénios passados, mas que hoje requer, talvez, ainda maior capacidade inventiva. É hora de uma nova "fantasia da caridade" que se manifeste não só bem sobretudo na eficácia dos socorros prestados, mas na capacidade de pensar e ser solidário com quem sofre, de tal modo que o gesto de ajuda seja sentido, não como uma esmola humilhante, mas como partilha fraterna" (NMI, 50)
……
José Dias da Silva
Correio de Coimbra,22.12.05
28
Dez05

MAS AO LADO DO NOVO HOSPITAL PEDIÁTRICO...

lamire
(...)
3. Mas a propósito de ideias, de desafios, de reflexões sobre isto e aquilo...eu devo confessar que nem sempre somos capazes de responder a todas...e algumas propostas que parecem interessantes esvoaçam rapidamente ...esfumam-se.
4. Por isso hoje atrevo-me a fazer uma proposta muito séria. Ainda não tenho muitos dados sobre ela, ou pelo menos não os tenho todos...mas estou à espera de saber mais alguma coisa. Então é assim: Todos sabem ou a maior parte saberá, que está a ser construído em Coimbra o NOVO HOSPITAL PEDIÁTRICO. Trata-se de uma obra estatal...prometida há não sei quantos anos...que agora lá vai...devagarinho...mas vai andando. Constou-me que ao lado querem construir, com fundos particulares doados, uma casa de apoio para receber os pais e familiares das crianças que são vítimas de cancro e que como é de elementar bom senso merecem um apoio muito próximo por todos os motivos. E QUE TAL SE O NOSSO SEMINTENDES SE EMPENHASSE TAMBÉM NESTE PROJECTO e grão a grão(em euros claro!) fosse capaz de ajudar uma obra tão bela como esta? FICA O DESAFIO. Agora espero as vossas respostas. E já agora se alguém souber mais sobre este projecto...que conte. Um abraço para todos! Acho que seria uma bela maneira de começar o ano novo!
...
J Vieira (28-12-2005 - 01:15:22 AM)
27
Dez05

DÁ QUE PENSAR...

lamire
«Um dia a maioria de nós irá separar-se.
Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que partilhamos.

Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas dos
finais de semana, dos finais de ano, enfim... do companheirismo vivido.

Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.
Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida.
Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe...nas cartas que trocaremos.
Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices...
Aí, os dias vão passar, meses...anos... até este contacto se tornar cada vez mais
raro. Vamo-nos perder no tempo....
Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão:
"Quem são aquelas pessoas?"
Diremos...que eram nossos amigos e...... isso vai doer tanto!
-"Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!"
A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...
Quando o nosso grupo estiver incompleto...reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo.
E, entre lágrimas abraçar-nos-emos.
Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida, isolada do passado.
E perder-nos-emos no tempo.....
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades....
"Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"»
........
Fernando Pessoa
25
Dez05

A Minha História de Natal

lamire
borboleta01.JPGRecordo sempre esta história que, em criança, ouvira contar à minha avó e que se tomou numa imagem de Natal.
Diferente, por razões da minha própria ingenuidade e por não ser uma fábula ou ficção, apesar de ter acalentado a minha fantasia de catraia.
Natural de uma aldeia beirã, na noite da consoada, a família concentrava-se à volta de um tronco que entretinha a fogueira serão adentro.
Nas panelas de ferro coziam-se as couves e as batatas enquanto, suspensa na corrente, a caldeira de cobre enchida de azeite fritava as filhós que tinham fintado desde a manhã.
O arroz doce enfeitava a mesa aromatizando os narizitos da pequenada e a broa quente, acabada de megar do fomo, em cesta coberta por um pano branco de linho, ocupava o lugar mais perto do lume mantendo-se morna até à ceia.
Os homens provavam a medronheira, entremeando-a com algumas passas de figo e os camopos lá se iam contentando com uma filhó dividida pelos quatro, sentindo o estômago aconchegado até à janta. Uma das mais pequenas não largava a saia da mãe,
olhando-a singelamente em todos os seus gestos, seguindo-a em todos os seus passos com um sorriso de anjo, perfumando o ar com um suave cheiro a alecrim.
- "Aquela menina era do céu", dizia a minha avó mas pouco tempo depois, Laurinha morreu.
Todos as noites de Natal a azáfama repetia-se numa sucessão de sabores e odores que regalavam os mais novos e os mais velhos.
Porém, no ano seguinte, sobejava a memória da doce pequenina que vivia agarrada às saias da mãe, lhe sorria cada vez que entrelaçavam os olhares e deixava aquele aroma a alecrim "porque aquela menina era diferente".
A minha avó, como se as mágoas tivessem prazo, "já tinha tido um ano para morar" e, não fosse só estar grávida outra vez, o resto da pequenada reclamava a sua atenção, a massa das filhós estava pronta para estender, as couves já ferviam na panela e os homens já tinham a sua conta de medronheira.
A meia noite, por tradição, cantava-se o nascimento de Jesus e as vozes uniam-se entoando alguns cânticos " bendito e louvado seja o Menino que nasceu pelo Natal e mai-lo ventre que o trouxe por nove meses escondido...".
Nesse momento mistificado de religiosidade e de paladares "deu-me um aperto no coração", expressão que deixava nos olhos da minha avó um brilho mesclado de emoção e de esperança.
Relembrava aquela sua menina que já subira ao céu e, sem saber se por acaso ou se por amor divino, abriu o postigo que lhe ficava nas costas, talvez porque o fumo se concentrara à sua volta, esquecida de atiçar o lume.
- "Entrou uma borboleta branca que me poisou no regaço e, logo depois, bateu as asas e saiu.
Olhei para o céu límpido e estrelado, o ar era gelado e benzi-me somente porque senti o meu ventre abençoado".
A minha avó contava-me esta história sempre envolta numa simplicidade tão pura que, algumas vezes, me foi dada a ilusão de inalar um suave odor a alecrim.
Os anos passaram, quantos já passaram depois da morte da minha avó e continuo a recordar esta história com a mesma candura com que me foi contada, tornando-se na minha referência de Natal.
A vida foi-me ensinando a compreender esta história e a arrecadar dela aquilo que em criança eu não entendera.
Neste Natal, em que a morte da minha mãe me cerca, em que sinto escapar-se-me o seu regaço, em que regateio as amarras da minha infância, estaco-me no desespero de quem não sabe tender aquelas filhós escarpeadas, de não ouvir o crepitar do tronco na fogueira, de ficar com a voz tolhida quando tento trautear os cânticos do nascimento, sobrando-me nos olhos o orvalho esperançado de um dia, pela minha janela de Natal, ver entrar uma simples borboleta branca que proteja as minhas recordações.
........
Martinha do Vale
in: Diário As Beiras, Contos de Natal, nº7, Natal 2005
24
Dez05

Menino Jesus

lamire
Eu não nasci para ver um mundo em guerra e com fome.
Eu nasci para haver paz na terra e que cada homem tivesse o sufuciente para viver dignamente.
Eu não nasci para ver um mundo de inveja e de ódio
Eu nasci para q houvesse tolerãncia e bondade.
Eu não nasci para ver cada homem a querer mais protagonismo q o outro, atropelando todos á sua passagem.
Eu nasci para q houvesse igualdade e honestidade .
Eu não nasci para ver o luxo e esbanjamento de uns e a miséria de outros.
Eu nasci para q houvesse um mundo melhor, por favor ajudem-me....
....
menino jesus (22-12-2005 - 10:51:57 PM)
24
Dez05

Mensagem Natalícia

lamire
Como qualquer cidadão que se preze, aqui deixo a minha mensagem natalícia para todos os amigos e amigas com votos de um NATAL cheio de paz, alegria e amor:
.....................
E Deus
que é um Deus solidário
que é puro Amor
deixou o céu
despiu-se do infinito
reduziu-se a nada
para que o nada que é o homem
pó consciente e barro inteligente
se torne centelha do Tudo
raio do Infinito
chispa de Deus
manifestação do Amor.
Por isso
só quando nos compreendermos
como imagem deste Deus
o mundo será um só
globalizado e solidário
à medida de dada pessoa
â medida de cada povo.
Só então
o mundo da natureza será solidariedade
o lobo confraternizará com o cordeiro
o mundo dos povos será paz
as armas converter-se-ão em arados
o mundo dos homens e das mulheres será justiça
o maior servirá o mais peuqeno
o mundo será de todos
numa sinfonia de paz, alegria e amor.
Até lá...
vamos cumprir a parte que nos toca
na construção da felicidade universal
a caminho de um futuro eterno
......
José Dias
24
Dez05

EM NOME DOS QUE CHORAM

lamire

Em nome dos que choram,
dos que sofrem,
dos que acendem na noite o facho da revolta
e que de noite morrem
com a esperança nos olhos e arames em volta.
Em nome dos que sonham com palavras
de amor e paz que nunca foram ditas.
Em nome dos que rezam em silêncio
e falam em silêncio
e estendem em silêncio as duas mãos aflitas.
Em nome dos que pedem em segredo
a esmola que os humilha e os destrói
E devoram as lágrimas e o medo
Quando a fome lhes dói.
Em nome dos que dormem ao relento
numa cama de chuva com lençóis de vento
o sono da miséria, terrível e profundo.
Em nome dos teus filhos que esqueceste,
Filho de Deus que nunca mais nasceste,
Volta outra vez ao mundo.
........
ARY DOS SANTOS
19
Dez05

Coimbra, 24 de Dezembro de 1987

lamire

Natal
Nasces mais uma vez,
Menino Deus!
Não faltes, que me faltas
Neste Inverno gelado.
Nasce nu e sagrado
No meu poema,
Se não tens um presépio
Mais agasalhado.
Nasce e fica comigo
Secretamente,
Até que eu, infiel, te denuncie
Aos Herodes do mundo.
Até que eu, incapaz
De me calar,
Devasse os versos e destrua a paz
Que agora sinto, só de te sonhar.
....
Miguel Torga, Diário XV, p.82

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