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SEMINTENDES

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07
Dez05

As (minhas) notas da semana

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A.Jesus Ramos
1
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A Igreja, na passada semana, esteve presente nos noticiários televisivos e nas primeiras páginas dos jornais por dois motivos bem diferentes.
A nível internacional, as agências noticiosas referiram e os comentadores apresentaram quase como escandaloso o facto de a Santa Sé ter emitido — ou pensar emitir, porque o documento, até à data em que escrevo, o não vislumbrei em lado nenhum — uma nota aconselhando os formadores dos jovens que se preparam para o sacerdócio, a não apresentarem à ordenação aqueles que tenham dado sinais evidentes de tendência comportamental homossexual. Ouvimos por ai muitos propaladores da moral laica, bradando contra esta tomada de posição que classificam de intolerante e de discriminatória, só possível numa instituição que continua a abusar do poder e a não aceitar o direito à diferença.
A Igreja, sabiamente, sobretudo através dos seus pastores, tem sabido ouvir e calar.
Responder a muitas das críticas daqueles que dizem que não são nem querem ser membros da Igreja, mas que lhe continuam a lançar todo o tipo de acusações, seria sinal de insensatez.
Anda por aí muito boa gente que só fala para não estar calada; muito boa gente que critica esta tomada de posição da Santa Sé, mas que também condenaria a posição contrária se ela fosse tomada.
Eu estou a imaginar neste tempo em que todos andamos, e com razão, preocupados com a pedofilia, quais seriam os títulos dos jornais, se do Vaticano viesse a notícia de que os homossexuais tinham entrada e caminho livre para o sacerdócio católico.
Não faltariam, por certo, insinuações de que a Igreja tinha entrado no caminho do facilitismo e, quiçá, até da conivência com futuros abusadores.
É verdade que a Igreja está no mundo e tem o dever de dialogar com o mundo.
Mas que ninguém confunda as coisas a ponto de pretender que a Igreja tem de ir atrás do mundo, mesmo que este se encaminhe para um precipício.
Mestra em humanidade, a Igreja atravessou os séculos, superou dolorosas crises, suportou ataques desferidos de dentro e de fora e, embora com algumas derrotas entre muitas vitórias, persistiu sempre em não condenar o mundo, mas em evangelizá-lo.
Se foi assim no passado, não nos pode admirar que seja assim no presente e venha a sê-lo no futuro.
A Igreja sabe que, entre as obras de misericórdia,
continua a ser necessário proclamar e praticar a que nos manda corrigir os que erram.
E também a que refere que sejam perdoadas as injúrias.
2
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Também encheu as páginas dos jornais a notícia referente à fobia que, ao que parece, o nosso ministério da Educação tem ao Crucifixo e a outros símbolos religiosos.
A razão invocada para se retirarem as imagens de Cristo crucificado das paredes quase nuas das escolas do ensino básico (aliás, das poucas de onde, neste últimos 30 anos, ainda não tinham sido removidas) continua a ser o chavão da igualdade de tratamento para com todas as religiões.
Melhor seria dizer o chavão da desigualdade, sobretudo se pensarmos em termos democráticos, com a proporcionalidade a dever ser respeitada.
Há salas de aula por esse país fora que albergam cem por cento de crianças baptizadas, cujos pais pretendem que sejam educadas nos princípios do catolicismo.
E os pais têm todo o direito de demonstrar este seu desejo. Como diriam alguns amigos sindicalistas, trata-se de direitos adquiridos. Eu diria mais: trata-se de direitos ancestrais, de direitos históricos, que só a prepotência do laicismo reinante se atreve a negar e a desrespeitar.
Ou seja: atiram-se pedras à Igreja por ter abusado do poder ao longo dos tempos.
Mas não se repara que, com estas atitudes (baseadas em leis injustas) se está a cair em erro possivelmente mais grave.
As leis humanas não têm valor por si próprias, mas apenas aquele que o povo lhes queira outorgar.
A não ser que a democracia de agora já não passe de uma simples farsa.
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A. Jesus Ramos, in: Correio de Coimbra, pg01, 01dez2005

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